quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Uma Lição de Vida - Sr. Francisco (AcD Visual)


A semente desta postagem conjunta foi lançada, irrigada e iluminada pela sugestão do amigo Nilo Resende, do Blog "Companheiros de Corrida", que me propôs o desafio para descrever e compartilhar a experiência de corrida que tive no dia 04 de setembro de 2011, na cidade de Goiânia, Goiás. A meu juízo de valor, aquela experiência transcendeu todas as minhas expectativas.

O propósito!!!


Em primeiro plano, gostaria de ressaltar que a construção deste relato tardio, se dá, exclusivamente, em decorrência de um dos pilares de sustentação do blog "Correr é Pura Paixão", qual seja: compartilhar as lições recebidas dos abnegados corredores de rua.

Ao contrário da tradicional linha que adoto nos relatos sobre as corridas e as aventuras que participo, a ocasião exige que eu comece o texto de forma diferente, com algumas indagações, justamente para instigar o juízo de valor do amigo leitor.


Correndo no Escuro!!!


Amigo leitor, você seria capaz de correr e concluir os 21 Km de uma meia maratona, com os olhos vendados ou, na melhor hipótese, enxergando pouco menos de 10% de sua acuidade visual? - Se o meu prognóstico não falhar, acredito que sua resposta será "não"!!!

Então vou refazer a pergunta.  E se você estiver acompanhado de um guia ou orientador, será que a tarefa se tornará menos complicada? - Nessa segunda situação, você acredita que conseguiria concluir a prova?


A luz no final do túnel!!!


De onde surgem os guias e orientadores do atleta com deficiência visual (AcD visual)? - O que é preciso para ser guia ou orientador do AcD Visual? - Quais os predicativos e atributos do guia ou orientador do AcD Visual?

Imaginem que esse turbilhão de perguntas habitaram a minha mente quando recebi o convite do Senhor Francisco, para acompanhá-lo como guia ou orientador no decorrer dos 21 Km da Meia Maratona EM Movimento, disputada na cidade de Goiânia, Goiás, no dia 04 de setembro de 2011.


Na véspera da prova, sábado, saí de Brasília com destino a Goiânia, para no dia seguinte participar dos 21 Km da Meia Maratona EM Movimento, ou seja, a princípio seria mais uma prova disputada em terras goianas.

Essa prova, idealizada e organizada pela incansável Eduarda Arantes, da Associação Goiana de Esclerose Múltipla (AGEM-GO), tem por propósito chamar a atenção da população, divulgando, esclarecendo, conscientizando e desmistificando a esclerose múltipla, uma doença autoimune, silenciosa e de difícil diagnóstico.

O tempo não pára!!!


Alguns corredores seguem uma rotina antes das corridas. No meu caso específico, após os preparativos elementares com relógio, tênis, calção, bermuda, camiseta, óculos escuros e boné, tento manter a hidratação o máximo possível e pouco antes da largada, vou ao banheiro para eventualmente eliminar o excesso de líquido ingerido.

Assim fiz naquele dia. Ocorreu que a largada da prova atrasou um pouco, me obrigando a ir uma segunda oportunidade ao banheiro, ao retornar, faltando menos de cinco minutos para a largada, me deparei com o Senhor Francisco, que indagava minha esposa, sobre a possibilidade dela ser o seu guia ou orientador naqueles 21 Km.


Por alguns segundos aquilo me surpreendeu. Fiquei totalmente absorto, tentando entender do que se tratava. Quando enxerguei uma pequena vareta na mão direita daquele corredor, percebi que tratava-se de AcD Visual.


Emoção à flor da pele!!!


Imediatamente, emocionada e sensibilizada com o fato do Sr. Francisco não ter alguém para lhe auxiliar, minha esposa pediu-me para acompanhá-lo naquela prova, com a seguinte frase: "Não vai lhe custar nada". Ganhei um beijo de presente!!!

É evidente que num primeiro momento eu não conseguia entender como um corredor com aquelas características, estava, a menos de cinco minutos da largada, sem o seu habitual guia ou orientador. O fato é que não havia muito tempo para os esclarecimentos necessários e aquele camarada não teria outra pessoa que reunisse condições para acompanhá-lo. Você vai entender o porque mais a frente!!!


O apelido fala quem você é!!!


Puxando pela memória, recordo-me que em dado momento, perguntei ao companheiro sobre o seu nome e ele me respondeu: "Chico Doido". Fiquei na dúvida se havia entendido corretamente. Repliquei: - O Senhor pode falar novamente o seu nome? - ele repetiu "Chico Doido" e sem muita cerimônia me entregou uma pequena corda que uniria o meu antebraço direito com o antebraço esquerdo dele.

Aproximava-se o horário da largada para a categoria AcD e a angustia batia à porta. Eu temia prejudicar aquele destemido corredor e consequentemente não cumprir a tarefa.


Foto: Fernanda Elisa
Naquele instante, eu não tinha a mínima noção de como agir, de qual ritmo de prova deveria ser empregado ou como me comportar diante dos obstáculos que estariam à nossa frente.

No olho do furação!!!


Logo nos primeiros metros de prova, consegui entender a ironia do apelido "Chico Doido". Quando soou o tiro de largada (Categoria AcD), parecia que estávamos fazendo tiros de 400 metros. Era assustador a velocidade empregada pelo Senhor Francisco no início da prova, especialmente com aquela limitação orgânica.

Eu nunca havia feito uma largada com tanta velocidade. Confesso que no início, fiquei extremamente preocupado com o ritmo alucinado empregado pelo "doido", me desculpe, pelo Sr. Francisco.


Pensando positivamente, torci para não quebrar e depois me tornar motivo de gozação da resenha semanal do CORDF, uma vez que os amigos Sebastião e Valdenir Feliz, testemunhas oculares do acontecido, também estavam correndo a prova de 10 Km.


De volta à zona de conforto!!!


À medida que o terreno permitiu e o tempo foi passando, o ritmo de prova foi se ajustando naturalmente, com o pace cadenciado já dava para orientá-lo sem ficar muito ofegante.

Nos primeiros Kms percebi que "Chico Doido" insistia em puxar a cordinha para o lado direito. A explicação daquele gesto era por demais simples. A pouca acuidade visual do olho direito, era melhor do que a do olho esquerdo.


O percurso inicial era em descida. Saímos da Rua 4, para passar pela Praça do Avião, Avenida República do Líbano, em direção à Avenida Leste Oeste, sentido bairros. O trajeto da prova estava todo balizado por cones e fiscalizado pela Polícia Militar do Estado de Goiás, assim, o quesito segurança estava sob controle.


Por volta do oitavo Km, redobrei a atenção quando nos aproximamos do cruzamento da Avenida Leste Oeste com a Avenida Anhanguera, uma vez que nosso destino seria a famosa e interminável subida da Avenida Castelo Branco.


Um pouco antes da subida conversei com "Chico Doido" para avisá-lo que iríamos enfrentar um longo paredão e que ele tentasse economizar energia na subida. Fazia muito calor, assim, procurei a sombra das árvores frondosas que ficam no canteiro central.


Metade do caminho!!!


Quando chegamos na parte mais alta do percurso, era o momento de fazer um retorno e voltar no sentido contrário da Avenida Castelo Branco. A preocupação quadruplicou!!! - Imagine você o quanto é complexo correr em uma ladeira íngreme e sem enxergar os obstáculos, especialmente os enormes quebra molas que são instalados para reduzir a velocidade dos veículos.

Enquanto corria, refletia sobre tudo aquilo que estava acontecendo. Nossa conversa ultrapassava as fronteiras da Meia Maratona EM Movimento. Perguntei sobre seus treinamentos, suas provas, quem o auxiliava no dia a dia e nas corridas. Enfim, indaguei-o-o sobre várias situações que são os eternos obstáculos do deficiente visual.


Destino: Linha de Chegada!!!


Aquele cruzamento com a coluna dorsal da cidade já podia ser visto novamente. Minha preocupação era com os ônibus articulados que circulam pela Avenida Anhanguera.

Me preocupei tanto que acabei esquecendo dos obstáculos do terreno. Havia uma depressão na pista, causada pelo excesso de peso dos coletivos. Quase coloquei tudo a perder, "Chico Doido" tropeçou naqueles "calombos" e só não caiu porque, instintivamente, corri para segurá-lo com as duas mãos. Confesso que não imaginava que tinha aquela velocidade de reação.


Percorremos novamente a Avenida Leste Oeste, sentido centro da cidade. Subimos a Avenida República do Líbano, no caminho da Praça do Avião, corremos por algumas ruas residenciais até encontrar com a famosa Avenida Goiás, no sentido da Praça Cívica.


Orgulho de ser Brasileiro!!!


Em dado momento, comentei que faltava pouco menos de 1 Km para concluirmos a prova. Diante daquela informação, ele me pediu para ajudá-lo com a Bandeira do Brasil que estava enrolada em seu corpo, embaixo de sua camiseta de corrida.


Foto: Valdenir Feliz (CORDF)
Metodicamente, ele me ensinou como faríamos quando faltassem 100 metros para a linha de chegada, na Rua 4. Ele iria segurar a bandeira com a mão direita e eu, no sentido oposto, deveria segurar com a mão esquerda, de tal sorte que a Bandeira do Brasil estaria tremulando acima de nossas cabeças. Uma mensagem subliminar sem igual!!!


Um gigante chamado "Francisco"!!!

Sob muita emoção, concluímos os 21 Km da Meia Maratona EM Movimento, ostentando os números 2077 e 2098, em perfeita harmonia, por volta de 1 hora e 45 minutos.



Reescrevendo um capítulo da imensa bibliografia do gigante!!!

Simplesmente espetacular!!!


Na oportunidade, "Chico Doido" subiu ao pódio para receber o troféu de 2º colocado na Categoria AcD.

Por um equívoco da equipe de cronometragem, nossos tempos não foram registrados, todavia, nunca é tarde para consignar o registro daquele feito do abnegado gladiador do asfalto "Chico Doido".


Após aquela experiência ímpar, já encontrei o mestre em duas oportunidades, ambas no ano de 2012. A primeira por ocasião da 6ª Maratona Internacional de Foz do Iguaçu e a segunda, quando da realização da 1ª Maratona EM Movimento, na cidade de Goiânia, Goiás.


A parceria com o amigo Nilo Resende, do Blog Companheiros de Corrida, possibilitou recuperar fatos e imagens de um capítulo que foi deixado em segundo plano, e que o tempo, lentamente apagaria da imensa bibliografia do gigante chamado "Francisco".




Ultra abraço e que os bons ventos continuem soprando a nosso favor!!!


Dionisio Silvestre



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A falta da corrida pode nos atormentar.

Recordo-me que um dia desses, no mês de setembro de 2013, deparei-me com a crônica entusiasmada da Jornalista Ana Dubeux, do Jornal Correio Braziliense, sob o título: "A falta que faz uma redação"Naquele texto, ela buscava explicar a rotina da profissão de jornalista, do vício pela notícia e a sua consequente repercussão ao longo de  muitos anos de árduo trabalho.

Quando iniciei a leitura ao artigo, logo associei o texto a uma narrativa sobre a nossa tão amada "corrida de rua". Para demonstrar com maior grau de precisão, compilei um dos parágrafos para ilustrar essa curiosa e interessante correlação. Acompanhe!!! 


"Todo ser humano precisa de um vício", costuma dizer uma amiga. E, por vício, nesse contexto, entenda-se algo que lhe desperte paixão e alento na mesma medida, que excita e acalma, que seduz e atormenta. No meu caso, a compulsão é pela notícia.
Ana Dubeux
Posso estar exagerando, mas o amigo corredor não tem como escapar do rótulo "vício, ou compulsão". Você pode até resistir e negar incisivamente que a corrida não possui todos aqueles belos atributos.

Pode começar falando que a corrida é tão somente o exercício físico mais natural que o ser humano possa praticar e nessa condição serve tão somente para fomentar a saúde. Também pode assegurar que a corrida é um ato de liberdade e assim, não pode ser confundida com vício ou compulsão, porém, à medida que nos dedicamos um pouco mais, ela passa a despertar paixão e alento na mesma proporção, a ponto de nos acalmar nas demais rotinas de vida.

Vencido esse pequeno obstáculo, você conseguirá enxergar o estágio seguinte, relacionado à excitação, que, em regra, começa com a busca pelo acompanhamento médico e assessoria esportiva para lhe dar o suporte profissional adequado às suas pretensões.

Será que a corrida excita mesmo?

Aguarde um pouco mais para perceber que no bate-papo, com amigos e familiares, você se tornará um entusiasmado multiplicador de informações sobre as corridas de rua da sua cidade, sobre tipos de pisadas, sobre os diversos tipos de tênis, sobre relógios recheados de tecnologia. Enfim, vai se tornar mais um estudioso e defensor da corrida de rua.

Sem maiores delongas - E o estágio da sedução? Quando é que temos a certeza que isso aconteceu? - Quando passamos a enxergar por sobre as fronteiras de nossa cidade, seja através das corridas em outros estados ou nas provas no exterior.

Normalmente, a sedução é acompanhada pelo "up grade" na distância que o corredor(a) passa a desafiar, ou seja, aqueles 5 ou 10 Km que nos tiravam o sono, passam a ser a sedução para correr os famosos 21 Km da Meia Maratona da cidade maravilhosa, ou para aqueles mais dedicados e entusiasmados, a sedução passa a ser participar e concluir os famosos 42 Km da Maratona de Boston nos Estados Unidos (quem sabe?) ou a Comrades Marathon na África do Sul (você vai saber quando chegar a hora!!!).

Se a corrida é tudo isso que tentei descrever, como é que ela pode nos atormentar? - Vou responder, mas primeiro necessito que você leia o título da postagem novamente.

Penso que é bem por aí, "a falta da corrida pode nos atormentar"!!!



Em abril passado, bastou uma contusão para eu sair de minha zona de conforto. No curso da recuperação, inconscientemente, tornei-me "muito introspectivo", fiquei muito calado e com receio de não me recuperar a tempo e perder a Comrades 2013.


"alma gêmea guerreira"

Quando retornei da África do Sul, a sinergia era outra, o semblante do "Silvestre" transcendia em alegria e entusiasmo, a ponto de minha "alma gêmea guerreira" me perguntar sobre tamanha mudança em tão poucos dias.

Sem muitas palavras agradeci a ela o imenso apoio e pedi que aguardasse só um pouco mais, até eu concluir o relato da prova, uma vez que ali estaria o segredo ou resposta.

Quando ela conseguiu uma brecha para ler a postagem, deixou um comentário dos mais valiosos possíveis, que me permito externar neste momento!!!


Querido,
Parabéns pelo relato!
Hoje finalmente tive a oportunidade de ler e conseguir entender toda sua paixão pela corrida. "VOCÊ É O CARA" e me orgulho muito de você, que Deus te abençoe sempre.
Bjo


A minha contrapartida foi agradecer a maravilhosa visita,


Querida,
Que bom que você gostou do relato!!! - De fato, o título que escolhi para o blog diz tudo. Desse jeito, consigo contar minhas histórias de corrida, tentando transmitir as emoções que sinto à cada prova... à cada novo desafio.
Obrigado pela maravilhosa visita!!!
Bjo

O que eu teria mais para dizer!!! só consigo encerrar esta postagem pedindo aos amigos e familiares, em especial minha irmã Kátia Rosa, para que leiam novamente a frase estampada na abertura do blog.

Ultra abraço e que os bons ventos continuem soprando a nosso favor!!!

Dionisio Silvestre

terça-feira, 1 de outubro de 2013

7ª Maratona Internacional de Foz do Iguaçu - 2013


Após aquele susto que levei durante a 2ª Day Night Run 12 horas - Valinhos/SP, prenúncio de lesão no tendão do pé direito, optei por colocar o pé no freio e reduzir os treinos semanais para tentar reequilibrar o "velho chassi SLV4.9STR", uma vez que esses desencontros estruturais poderão atrapalhar as provas que almejo participar futuramente.

Enxergando o futuro - Ocorre que, em fevereiro de 2014, estarei celebrando meio século de vida. Nessa condição, pretendo comemorar a data em grande estilo, de que forma? - preparando a minha mochila e o "novo chassi SLV5.0STR" para aquela que será a terceira jornada na Comrades Marathon na África do Sul!!! que delícia!!!

Nesse cenário, o desafio passou a ser conciliar a redução dos treinos com a manutenção da performance. Isso pode Arnaldo? - confesso que ainda não tenho certeza, estou tentando!!! nessa fase experimental corri 3 ou 4 vezes na semana e nos intervalos fiz fortalecimento muscular na academia. O treino mais longo da semana ficou por conta de um intervalado de 24 Km (1 Km andando e 2 Km correndo).


Percurso da Maratona de Foz do Iguaçu
Maratona no caminho - Nessa reengenharia, recordei-me que havia feito a inscrição para a 7ª Maratona Internacional de Foz do Iguaçu/PR, uma prova belíssima, no início da primavera, que tem como plano de fundo, a natureza que envolve a região da Usina da Itaipu Binacional e o caminho que nos leva ao Parque Nacional do Iguaçu. A gente não sabe se corre ou fica deslumbrado olhando as paisagens!!! Veja o percurso!!!

Este ano o evento contou com a participação de 2.111 corredores(as), distribuídos(as) em três provas: 761 nos tradicionais 42.195 metros da Maratona, 350 atletas na maratona de revezamento em duplas; e os demais na prova dos 11.5 km, essa última com largada e chegada dentro do Parque Nacional de Iguaçu.

Nostalgia - No ano passado, com grata satisfação completei a Maratona de Foz em 03 horas e 30 minutos, assim, consegui a qualificação para a Comrades 2013, com direito a largar com a galera do portão "C", que é destinado aos atletas que completam os 42 Km entre 03h20min e 03h40min. Seria maravilhoso repetir essa marca novamente!!!

De olho no clima - Esse ano, dava a impressão que o inverno não queria ir embora e a primavera, com todo a sua magnitude, insistia em assumir o seu lugar. Não deu outra, na semana que antecedeu a prova, foram mudanças e mais mudanças bruscas no clima. Mais uma preocupação para os corredores. Essa preocupação aumentou quando os sites de meteorologia passaram a prever, para a região de Foz do Iguaçu, temperatura em torno de 16 graus para o horário da largada. Havia indícios de muita chuva para o domingo.


Casal 50!!!

Hora de viajar - No sábado, 28 de setembro de 2013, véspera da corrida, levantei cedinho e peguei a estrada que liga Guaíra a Foz do Iguaçu, algo em torno de 240 Kms. Fui direto ao local de entrega dos kits, que, diga-se de passagem, ficou muito bem organizado pela Equipe do SESC de Foz do Iguaçu.



Onacir Marcondes (04:50:03)


Logo na entrada do estacionamento externo do SESC de Foz do Iguaçu, fui alertado pela esposa que havia um atleta vestindo a camisa da Comrades Marathon de 2013Não imaginei que iria encontrar um "Companheiro" na prova. Conversa vai, conversa vem, descobri que tratava-se de Onacir Marcondes.



Em virtude da excelente organização da prova, a entrega do kit não demorou praticamente nada. Confiram a estrutura montada para recepcionar os corredores!!!





Sem perder tempo, fui conferir a galeria de fotografias da Maratona Internacional de Foz do Iguaçu, que estava exposta no saguão de entrada do SESC.




Atmosfera contagiante - No domingo, 29 de setembro de 2013, acordei às 04 horas da madrugada para não perder o café da manhã que foi servido pelo Hotel Lanville Palace Athénée. Logo a seguir, por volta das 04:45, embarquei em um dos ônibus que a organização da prova disponibiliza para levar os atletas dos hotéis conveniados até o vertedouro da Usina de Itaipu, local da largada.


Lindenbergue Nunes (02:46:26)

Não posso deixar de enaltecer a atmosfera que envolve esses momentos antes da largada. É contagiante, para onde quer que você olhe, enxerga grupos de pessoas se abraçando, falando sobre suas últimas aventuras, seus sonhos concretizados, de vida e de corrida, e porque não mencionar, sobre lesões e superações.




É impossível não associar aquele momento de confraternização ao ambiente da nossa família. Rever amigos de longa jornada não tem preço. Resumindo!!! - São muitas amizades, que foram sendo construídas ao longo da vida e à custa de muito suor.

Pouco antes da largada encontrei Sebastião Santos de Brasília/DF e comentei que aquela temida previsão de chuva não se confirmaria. De toda a sorte, o clima iria colaborar muito com atletas ao longo daquele dia.


Foto: Carlos Novais - http://www.eucorro.com

42.195 - O número mágico - A partir das 06 horas as largadas foram sendo feitas em sequência. Em primeiro momento a Categoria Cadeirante, depois a Categoria AcD, logo a seguir Elite Feminina e pontualmente às 06 horas e 30 minutos foi dada a largada da 7ª Maratona Internacional de Foz do Iguaçu (Elite Masculina, Comerciários, Faixa Etária Masculina e Feminina, Revezamento).


Foto: Carlos Novais - http://www.eucorro.com

Os cinco primeiros Kms serviram para ajustar o ritmo a ser seguido na prova. No primeiro Km o Garmin avisou!!! pace 04:41 (forte); no segundo Km, pace 04:56 (ideal), no terceiro Km, pace 04:23 (forte demais); no quarto Km 04:59 (dentro da meta); no quinto Km o ritmo estava ajustado: 04:46. Nessa luta inicial luta contra o relógio, corri lado a lado do disciplinado amigo Tião Santos. 


Foto: Sandro Cabral - http://www.eucorro.com
Francisco Lima, nº 379, 70 anos, (04:09:00) 
A conversa fluía naturalmente e as piadas eram o forte da dupla. Demos boas gargalhadas a respeito das peripécias do Senhor Francisco Lima,  nº 379, 70 anos, de Goiânia/GO, que no decorrer dos 12 primeiros Kms, insistia em aumentar o ritmo freneticamente em alguns momentos!!! Até agora não consegui entender porque ele fazia aquilo!!!

O pace de corrida estava confortável, todavia, percebi que o amigo Tião estava diminuindo o ritmo, talvez para se preservar para as subidas fortes que estavam logo à nossa frente. Acredito que estávamos por volta do Km 17, ou seja, um pouco antes da subida mais complicada, que fica entre os Km 18 e 20. Acompanhe o gráfico abaixo e veja o nível de inclinação naquele trecho.



Half Way - O fato é que na subida mantive a passada ajustada para fechar o Km 19 em 05:29. No ritmo que eu havia planejado, passei pela marca da Meia Maratona em 01 hora e 42 minutos. Nessa toada e com muita confiança, não demorei para enxergar a Ponte do Rio Tamanduá, que fica pouco antes do trevo de acesso ao Aeroporto de Foz do Iguaçu, aproximadamente 25 Km de prova. Era o momento de respirar fundo e manter o ritmo.

Um pouco mais à frente estava o Portão de Acesso ao Parque Nacional do Iguaçu, entre os Kms 31 e 32. Aproveitei aquela pequena descida para soltar as canelas, resultando no pace de 04:41. Excelente para aquela altura do campeonato!!!

Eu tinha consciência que mais uma etapa dolorosa ainda estava por vir, o percurso dentro do Parque é muito sinuoso e com uma subida constante até o Km 38. Com essa particularidade, busquei fazer as tangentes internas das curvas!!! Você não imagina a felicidade quando enxerguei essa plaquinha aí ao lado!!! Km 39!!! Era só alegria!!! Sabe qual foi o pace - vou lhe dizer: 04:58, Show de bola!!!




Contrariando a Lei de Murphy - Passei pela placa do Km 40 com o ritmo ainda melhor do que o anterior - 04:54!!! Imediatamente pensei!!! muita cautela nessa hora, tire um pouco o pé pois tá forte para o final!!! na sequência, rodei o Km 41 em 05:12 min. Vi que ainda tinha querosene no tanque de combustível para queimar!!!.



Interessante, mas, naquela altura da prova, lembrei-me de uma frase que o amigo Wilson Bomfim disse quando ele disputava a BR 135 - Edição 2013: "Nossos limites somos nós que estabelecemos".


Foto: Sandro Cabral - http://www.eucorro.com/

Já que é assim, sentei o pé na jaca para concluir o Km 42 sob o pace de 04:30. Na sequência os 195 metros foram no embalo, a famosa banguela, dando tempo até para iniciar uma despretensiosa comemoração.


Foto: Carlos Novais - http://www.eucorro.com


*** Tempo de Prova - 03:27:15 ***



Após a prova, procurei Sebastião Santos para agradecê-lo pela parceria no decorrer do percurso, entretanto, não consegui localizá-lo. Ao consultar os resultados da prova vi que ele concluiu os 42 Km em 03:48:29.


Medalha da Maratona de Foz do Iguaçu

O primeiro colocado da 7ª Maratona Internacional de Foz do Iguaçu foi o atleta João Marcos Fonseca (02:19:56); em segundo chegou Marcos Alexandre Elias (02:22:43); e o terceiro lugar ficou por conta de Fábio Mota Paiva (02:27:51).

Na Elite Feminina a primeira colocada foi a atleta Leah Jerotich (02:52:08); na sequência a segunda colocada foi Maria Bernadete Cabral (02:57:39); ficando a terceira posição por conta da corredora Ilda Alves dos Santos (03:01:20).

No quesito superação, o destaque da prova ficou por conta da Categoria Cadeirante Masculino, vencida pelo atleta Jaciel Antonio Paulino (02:43:26); e da Categoria Cadeirante Feminino, vencida pela atleta Angelina Nascimento da Silva (04:30:00).

Não menos importante, a superação também fez parte da Categoria AcD Masculino e Feminino, com os respectivos vencedores: Carlos Alberto Beltramo (03:18:20) e Edneusa de Jesus Dorts (04:41:49).

Os vencedores no Revezamento foram: Dupla Mista - Marcelo dos Santos e Shelen (02:56:32); Dupla Masculina - Rudinei Presoto e Jonh (02:33:56); Dupla Feminina - Angélica Pronsati e Keila (03:07:29).

O vencedor da prova de 11,5 Km foi João Paulo Garcia Ferreira (39:20) e no Feminino a vitória ficou com Gabriela Letícia Rocha, que completou o percurso (45:17).

A nota triste do dia foi a morte do atleta de Umuarama/PR, Celso de Moraes, 52 anos, ocorrida após o atleta passar mal no último Km da prova. O socorro foi prestado por paramédicos de duas unidades de UTI Móvel.

Ultra abraço e que os bons ventos continuem soprando a nosso favor!!!
Dionisio Silvestre