domingo, 23 de fevereiro de 2014

O longão de domingo e o fogareiro nas costas!!!


No meio da semana, enviei e-mail ao amigo Samuel, para saber qual seria o treino do final de semana. Em pouco tempo, recebi a resposta:

- No domingão, farei entre 25 e 30 Km, no Parque da Cidade, percurso quase plano, com ritmo programado entre 05:30 e 06:00.

Que beleza!!! - A programação de treino dele estava bem próxima à minha planilha.

- Posso lhe acompanhar amigão? - É claro que sim, vai ser uma honra!!!

- Qual o horário do início do treino? - Acredito que às 8 horas tá de bom tamanho!!!

Não demorou muito para eu receber outro e-mail, informando que o Jorge Coentro iria treinar conosco, porém, era necessário mudar o local do treino.

O novo local: "estrada que sai do Lago Norte, passa pelo acesso ao Varjão, acesso ao Paranoá, Barragem do Lago Paranoá, Ermida Dom Bosco, passando pela alça de acesso da Ponte JK e finalizando o treino no Lago Sul".

Pensei comigo: - É pauleira que vem pela frente!!! o percurso da Volta ao Lago passa naquele trecho!!!

- Samuel!!! você avisou pra ele qual o ritmo que pretendemos fazer no domingo.

- Sim, ele concordou, até porque, está treinando para a Volta ao Lago (categoria solo).

Com a mudança de plano, o estacionamento do Shopping Deck Norte foi o nosso ponto de encontro.

No sábado a noite, quando comecei a separar o material que ficaria no carro de apoio, lembrei-me do insuperável Lindenberg Nunes, um verdadeiro comediante.

Ano passado, quando viajamos para a África do Sul, ele dizia para uma platéia de cerca de 12 a 15 atletas, que a filha dele estava preocupada com suas últimas atitudes:

- Mãe!!! meu pai tá estranho!!! depois que ele falou que iria correr lá na África, só sai para correr carregando um monte de água, comida e de quebra, também leva um fogareiro nas costas!!!

Apesar da sátira com a rotina de treino dos "Ultrapangas", ele tem razão. Por vezes exageramos na dose e levamos suprimentos em excesso, mas pensando bem!!! - Antes sobrar do que faltar.

Em verdade, nesses treinos malucos, busca-se ensaiar e reproduzir o ambiente a ser enfrentado na prova. Aquele material que fica no carro de apoio, quiçá um fogareiro, tem por objetivo: realizar a suplementação hídrica e alimentar, do qual o organismo não pode prescindir. Assim, busca-se diminuir o impacto causado pelas longas e extenuantes horas de esforço físico.


Início: Shopping Deck Norte
Aos poucos, os amigos que participariam daquele treino de 30 Km foram chegando ao estacionamento do Shopping Deck Norte: Dionísio Silvestre, Jorge Coentro, Fábio Rodrigo, Samuel Toledo e Eduardo Rodrigues (laranja). Isso mesmo pessoal, acreditem, ele está de volta!!!

Que legal,  a galera aguardava muito o retorno de nosso querido amigo "dudu". A princípio, ele faria 6 Km conosco e retornaria os mesmos 6 Km, somando-se 12 Km de treino.



Enfrentando a primeira subida!!!


Logo após a chegada do Eduardo Santana, iniciamos o treino às 08:20h, o céu estava nublado, dando sinal que permaneceria daquela forma por um bom tempo. A cada 3 Kms, programamos paradas estratégicas para a suplementação hídrica e alimentar (aquela do fogareiro).





chegando ao Km 3

Logo de início, deu para perceber que não seria tarefa fácil acompanhar o excelente ritmo empreendido pelo Fábio, nessa foto acima, Jorge até correu lado a lado, mas depois viu que seria muito complicado. Enquanto isso, nós comíamos poeira lá atrás.





1ª parada estratégica
A festa começou logo na primeira interrupção do treino, o assunto não era outro senão "treinos e corridas". Pelo que me recordo, era o único momento em que o grupo conseguia se reunir totalmente. Não pretendendo alongar a parada, Fábio anunciou: - Vamos embora que ainda tem muito chão pela frente. Era o momento do Eduardo Santana encarar a fera e Jorge Coentro vir correr conosco no meio da poeira.




Km 6 - o retorno do "dudu"


No ritmo programado nos aproximamos do Km 6. Sabíamos que na segunda parada o Eduardo Rodrigues retornaria para cumprir os seus 12 Km. Valeu Campeão!!!






No exato momento em que paramos para a segunda hidratação, os ciclistas que disputavam a Volta ao Lago passaram em uma velocidade incrível.



Volta ao Lago - Prova de Ciclismo
O céu ainda continuava muito nublado quando nos aproximamos do Km 9.


Sintonia até na passada

Passando pelo Mirante do Casal

Reiniciamos o treino sabendo que Fábio e Eduardo estavam um pouco mais à nossa frente. O ritmo do treino continuava dentro do programado, entre 05:30 e 05:40. Passamos pelo Km 12, fizemos a parada estratégica e nada dos outros dois guerreiros.

Na continuação do treino, nossa fotógrafa de plantão: "Ana", esposa do Jorge Coentro, conseguiu captar duas belas imagens daquele treino matinal, tendo como plano de fundo o Lago Paranoá e a Ponte Juscelino Kubitschek.


Fábio Rodrigo e Eduardo Santana
Ultras do Cerrado e Bsb Parque

Na sequência do percurso, passamos pela cidade do Paranoá. A foto abaixo é um dos raros momentos em que conseguimos correr lado a lado com o gigante Fábio. Não demorava muito para ele sumir à nossa frente.


Chegando ao Paranoá
Já era possível enxergar a Barragem do Lago Paranoá e aquela subida que suga toda a nossa energia. Subimos em um ritmo próximo a 6:00 min/km. O calor havia aumentado e a respiração ficou pesada.

Depois daquela subida, resolvemos ir até lá embaixo na Ermida Dom Bosco. Estávamos com aproximadamente 24 Km de treino.

Para surpresa do grupo, dali pra frente, Samuel Toledo, que timidamente corria no ritmo de 05:30 a 05:40, resolveu correr mais rápido. Passou a ditar o ritmo próximo a 05:00/Km. 

Na mesma velocidade que ele desceu até a Ermida, ele retornou na subida. Sem desanimar, consegui emparelhar no finalzinho da subida. Pura tolice!!!

Foi como cutucar o capeta com a vara curta. O homem deu umas boas respiradas e começou a rodar ainda mais rápido. Como diria os meus filhos "pirou o cabeção". E assim o treino foi se desenvolvendo, a cada oportunidade que eu ou o Jorge conseguia chegar perto dele, o ritmo tornava-se ainda mais alucinado.

Só para vocês terem noção, os últimos seis Kms registrados  pelo meu relógio foram: (05:12 - 05:17 - 05:05 - 05:02 - 05:01 - 05:09). Imaginem o dele que para cada trecho de 3 Km, ficava de 200 a 300 metros à minha frente!!!


Percurso do treino: 30 Km

A imagem abaixo foi captada assim que o treino terminou, na entrada do Conjunto 5 da QL 24. Não me surpreenderia se o fogareiro que Lindenberg tanto fala, estivesse dentro de uma daquelas caixas próximos ao Samuel. E você o que acha? Será que tem um fogareiro ali dentro?


Onde está o fogareiro?

Não preciso nem falar que o treino foi além do desejado, pois treinar junto com os amigos, além de ser um grande incentivo para a melhora da performance, aumenta a motivação significativamente.

Ultra abraço e que os bons ventos continuem soprando a nosso favor!!!

Dionísio Silvestre







terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Quem ainda não flertou com a Meia Maratona?


Quando você abandona o sedentarismo e dá os primeiros passos no rumo da corrida, o corpo reage de uma maneira muito bruta, o coração parece que vai sair pela boca, o pulmão dá indicativos que vai explodir, as pernas anunciam que vão sucumbir ao esforço, os pés, coitados, parecem pegar fogo. Em verdade, instala-se uma revolução interna em nosso corpo.

Amigos!!! - Não tem outro caminho, correr, apesar de ser o exercício mais primitivo, não é fácil, exige doses de paciência, certa dedicação, requer entusiasmo, doses diárias de disciplina e dependendo do seu objetivo, exigirá também, orientação profissional.

Neste último domingo, 16 de fevereiro de 2014, a MKS Eventos, realizou a 5ª edição da Meia Maratona das Pontes. Ao todo, 1.289 atletas completaram o percurso de 21 Km, sendo 261 mulheres e 1.028 homens.
Ponte JK - Cartão Postal de Brasília
A prova que é uma das mais belas do calendário de Brasília, ficará na memória de duas "aspirantes a maratonistas".

Kátia (794) & Lourdes (988)
Vou explicar!!! - Na semana passada, busquei homenagear dois grandes atletas que dispensam comentários. Hoje, vou direcionar a postagem para duas corredoras, Kátia Rosa, irmã querida, galho nascido da mesma árvore e Maria de Lourdes, sua inseparável companheira de corrida, que até então, apenas flertavam com os 21 Km.

Apesar do nível de dificuldade da Meia Maratona das Pontes, penso que a prova foi e será uma experiência inesquecível para as duas.

Duvida? - Acompanhe a imagem ao lado, que foi captada logo após a conclusão da prova. Olha o sorriso!!! :-)

Há algum tempo, essas duas figurinhas carimbadas, incorporaram a filosofia do "tira do sofá e bota prá correr" (literalmente). No início, como de praxe, vieram as primeiras provas de 5 Km e à medida que a revolução interna se acomodava (coração, pulmão, pernas e pés), elas foram alçando voos maiores.

Aos poucos, as provas de 10 Km e o prazer de correrem juntas, foram se tornando habituais entre as amigas. Foi quando surgiu a indagação: - Quando é que vamos correr os 21 Km da Meia Maratona?

O coração já havia amansado, o pulmão já não sofria tanto com a crise de asma, as pernas estavam fortalecidas, os pés se tornaram verdadeiras máquinas e prontos para o bom combate.

De forma organizada e sem atropelos, elas programaram seus treinos, levantaram da cama com o cantar do galo e foram treinar para a estréia nos 21 Km.

Para as mulheres é extremamente difícil conciliar uma "tripla jornada" (casa, trabalho e corrida).

No calendário de corridas da capital, havia uma meia maratona no mês de fevereiro.

- Que tal essa Meia Maratona das Pontes? Sem pestanejar, realizaram as inscrições.

Durante a comemoração do aniversário de Dona Valdelice (nossa mãe) fiquei surpreso quando Kátia me falou que iria correr a tal meia maratona. Na minha avaliação, em função das subidas, é a meia maratona mais difícil de Brasília.

Imediatamente perguntei: - Irmãzinha, tá treinando subidas? Recebi como resposta o silêncio. Retruquei: - Já vi que não, más ainda dá tempo de fazer algo. - Você está disposta a fazer um treino com subidas para que o psicológico fique fortalecido para o dia da prova? Dessa vez a resposta foi positiva.

No sábado seguinte, faltando duas semanas para a corrida, compartilhamos com os amigos "Thiago e Lourdes" um treino de 16 Km, que saiu melhor do que o esperado. No trajeto, incluí subidas e descidas e eles passaram pelo percurso sem maiores problemas.
Percurso do treino - 16 Km
Vencido aquele primeiro obstáculo, era o momento de continuar o treinamento com pequenas corridas e depois aguardar o dia da prova.

Os dias se passaram com uma velocidade absurda, quando em uma sexta feira, por intermédio do "zap zap", recebi mensagem confirmando o horário que eles (os três) passariam em minha casa, com destino ao Pontão do Lago Sul, local da largada e da chegada da prova.

Separei mochila, bermuda, camiseta, óculos escuros, tênis, meias, relógios, enfim... tudo que seria necessário naquela aventura.

Na noite de sábado para domingo, caiu um dilúvio em Brasília, fiquei receoso se o clima iria continuar conspirando na manhã de domingo. Para evitar surpresas, chegamos cedinho ao Pontão do Lago Sul. As nuvens ainda permaneciam muito escuras!!!
Largada da 5ª Meia Maratona das Pontes - Brasília
No horário programado, às 07:30h a largada da prova foi realizada. Nós quatro (Kátia, Lourdes, Thiago e Silvestre) largamos no final da multidão. A meta inicial era rodar próximo do ritmo do treino, pace entre 06:15 e 06:30. A intenção era terminar a prova de bem com a vida e com aquele gostinho de quero e posso mais!!!
Nuvens escuras no caminho!!!
No início da corrida, com muita disciplina as duas amigas respeitaram o cronometro e, Km a Km, foram começando a vencer a batalha. O sol não havia mostrado a sua face quando passamos pelo primeiro posto de hidratação no Km 3, próximo à Procuradoria Geral da República na Avenida das Nações.

Em decorrência do entusiasmo, minha irmã não conseguia parar de falar, parecia extasiada com aquele momento, fui obrigado a contê-la e avisar: - Tenha calma, pois só estamos começando, ainda falta muito pela frente.

Não tinha jeito, vez por outra, quando ela enxergava uma placa indicativa de distância percorrida, começava uma comemoração. Ato contínuo, levava outro puxão de orelha.

Vou explicar a minha atitude: - De certa forma, estou calejado com as corridas e sei o quanto é difícil você ficar entusiasmado no início e depois não atingir a meta programada. A meu entender, a comemoração é típica para o final de prova, quando tudo já está resolvido.

Diametralmente oposta, Lourdes mantinha-se resignada e confiante na corrida. Em algumas oportunidades eu perguntava se estava tudo bem e ela apenas balançava a cabeça, bom sinal, demonstrava concentração na prova.

No final da Ponte JK, com aproximadamente 10 Km de prova, entramos na ciclovia do Lago Sul. Era o momento de enfrentar a parte cruel da prova, as subidas!!! - O sol começou a querer mostrar suas garras, todavia, ficou contido pelas nuvens.

Na minha avaliação, o ponto positivo da corrida ficou por conta dos postos de hidratação, a MKS Eventos acertou em cheio quando disponibilizou copos e garrafas de água, assim, neste aspecto, só houve elogios dos participantes.

O momento crucial da prova foi enfrentar a subida mais difícil do percurso, que fica na altura do Km 17, foi necessário cadenciar o ritmo naquele trecho. Ali, tive a certeza que as duas guerreiras haviam vencido a batalha. Só não falei nada na hora, é claro!!!
Imagem: Corre pra foto
Nesse batidão, a corrida foi se desenvolvendo naturalmente. Olhei para o Garmin e verifiquei que faltava pouco menos que 2 Kms para o final da prova.

No final da corrida, cerca de 8 a 10 pessoas seguiam nossos passos, quando anunciei que as subidas haviam terminado. Já dava para iniciar uma tímida comemoração.
Dupla Dinâmica
Não demonstrei no desenrolar da prova, mas agora posso anunciar aos quatro ventos o meu orgulho ter corrido uma meia maratona ao lado de minha irmã.
Percurso da Meia Maratona das Pontes - 21 Km
Após 2 horas e 16 minutos, as duas amigas, juntas, em corpo e alma, cruzaram a linha de chegada da Meia Maratona das Pontes, desmistificando por vez os 21 Km.


*** O flerte transformou-se em Pura Paixão ***


Seção "Eu estava lá"

Como você pode notar nas últimas postagens, este espaço é destinado aos "cliques" das máquinas fotográficas e outros dispositivos que captem imagens.
Os Vencedores do dia!!!
Lourdes, Thiago, Kátia e Josilda
Quarteto Fantástico
Trio Parada Dura

Kátia, Lourdes, Silvestre, Samuel e Márcio





quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A um passo do Green Number Club


Ao retornar da Ultramaratona - BR 217, na Serra da Mantiqueira, me surpreendi com a insistência do amigo Wilson Bomfim, para que eu lesse o livro: "O Ultramaratonista", onde a lenda "Dean Karnazes" faz relatos de alguns episódios de sua vida.

Nos primeiros dias de fevereiro, sabendo ele de minha predileção por leitura, comentou: - Amanhã, vou lhe trazer o livro do Dean Karnazes para você. - Acredito que vai gostar muito da leitura. - Espere para ver!!!

Aceitei o empréstimo do livro, iniciando uma leitura despretensiosa. Ocorreu que, logo nas primeiras páginas me identifiquei totalmente com a narrativa. Diante do entusiasmo e da emoção que o texto transmitia, acabei devorando o livro em apenas dois dias.

Mal acabei a leitura, comecei a refletir sobre dois parágrafos, muito interessantes, o primeiro sobre algo que eu ainda não tinha pensado e o segundo sobre sonhos. Vejamos:


"Para a maioria das pessoas que não são corredoras, correr é, na melhor das hipóteses, uma chatice, e na pior, uma coisa terrivelmente dolorosa e sem sentido."
[...] 
"Quase todos os sonhos têm morte lenta. São concebidos num momento de paixão, com a promessa de possibilidades infinitas, mas muitas vezes acabam definhando e não são perseguidos com a mesma intensidade profunda de quando nasceram."
Dean Karnazes

Durante essa reflexão, a segunda frase sobre "sonhos", ficou martelando minha mente, daí, lembrei-me que esse mesmo amigo que me emprestou o livro, buscava concretizar um sonho de quase uma década.

Imaginei que a história desse sonho seria um prato cheio para uma postagem. É evidente que o pensamento é muito veloz!!!



- Caramba!!! ele vai disputar a Comrades pela nona oportunidade e continua perseguindo o sonho com a mesma intensidade de sempre.

- Nesse ritmo, se não vacilar na prova deste ano, ele estará "A um passo do Green Number Club."



Em sigilo, sem que o gladiador do asfalto soubesse, coloquei a matéria em pauta e comecei a desenhar o formato da resenha. Então, o que falar sobre esse tal de Green Number Club?

Inicialmente, consta que há 42 anos, esta honraria foi idealizada para homenagear e perpetuar o número que o atleta carrega durante a corrida.

Na Comrades, a partir da sua primeira participação, você utilizará o mesmo número, ano após ano. No meu caso, o número 52574 - foi utilizado em 2012, 2013 e será usado novamente em  01 de junho de 2014.

Em uma linguagem bem coloquial, diríamos que o atleta pode entrar para o Green Number Club por três portas, ou seja, basta atender um dos 3 critérios abaixo:

1) O primeiro e mais complexo deles: "vencer a prova em 3 oportunidades (homens e mulheres)". Em verdade, poucos atletas alcançarão essa meta. Na minha visão, esse é um critério extremamente seletivo. Entrar por esta porta é tarefa árdua e para poucos corredores.

2) Quem sabe o segundo critério: "cinco medalhas de ouro", ou seja, o atleta que cruzar a linha de chegada entre os 10 primeiros colocados (homens e mulheres) por 5 oportunidades. Caramba!!! não tem jeito, esse é outro critério muito difícil de se alcançar, também é casca grossa.

3) Que tal o terceiro e último critério: "conquistar 10 medalhas da prova (homens e mulheres)". Nossa!!! outra meta um tanto quanto pesada!!!

Mas vamos pensar melhor!!! - Se o atleta gostar da prova, for perseverante e tiver longevidade na corrida, poderá conseguir essa proeza após dez anos de sucesso e por via de consequência, ter seu número perpetuado.

Dali em diante, ostentará o tão desejado "número verde".

Apesar da criação do Club ter ocorrido em 1972, sua aplicação deu-se retroativamente, de maneira que a lista de corredores corresponde de fato a todos os atletas que possuem ou atendem a um dos três critérios.

O que posso falar sobre nosso protagonista?


Bomfim e a Bandeira do Brasil
Posso começar falando que há quase uma década, de maneira singela e sem alardes, ele alimenta o sonho de entrar na lista do Green Number Club. A saga desse abnegado corredor iniciou-se em 2006, antes mesmo de conhecê-lo.

Posso falar também que o sonho começou a partir de uma situação hilária, ocorrida em 2007, na Bonitas Comrades Expo, quando ele tentou comprar uma camisa de manga comprida, na cor verde, toda estilizada.

Naquela ocasião, ele recebeu do atendente a seguinte explicação:

- No, no, no... just green number!!!

Resumindo: aquela camisa cheia de estilo, só poderia ser vendida para um membro do Green Number Club. E naquela altura do campeonato ele era apenas um novato!!!

Recentemente, entre uma conversa e outra que tive com o mestre, ele confidenciou:

- Silvestre, depois do Nato Amaral (Paulo Renato Amaral) que já é Green Number e vai correr sua 12ª Comrades e do Médico André Arruda, que sem sombra de dúvidas, vai ser Green Number esse ano de 2014, eu e a Ana Márcia, seremos os próximos em 2015!!!

O inicio de tudo - 2006

Foi quando me dei conta que eu já havia comentado aqui no blog sobre a amiga do Mato Grosso do Sul, que também busca concretizar o mesmo sonho.

E no caso específico da Ana a questão e mais emblemática, pois ela será a 1ª mulher Brasileira e 1ª mulher Sulamericana a ser incluída no Green Number Club. 

Viram que por muito pouco não cometo uma gafe aqui no Correr é Pura Paixão!!!

É claro que há espaço para homenagear esses dois guerreiros e reproduzir um pouco do que eles viveram durante a prova, só me exigiria um pouco de habilidade para extrair essas informações sem que eles percebessem o que eu planejava.

Vou começar com uma passagem da corredora do Mato Grosso do Sul. Amigos!!! acreditem - Sua estréia na Comrades ficará marcada eternamente. Naquele ano de 2006, o percurso era "up run" e com muita garra, ela concluiu a prova em 09:00:35 - recebendo a medalha de bronze.

Para muitos, seria o momento de muita comemoração. Ocorre que corredor é bicho besta, busca sempre a superação individual e muitas vezes, quando termina a prova bem fisicamente,  fica com aquele gostinho de quero mais.

Aqueles míseros 35 segundos, impossibilitaram-na de receber a "Bill Rowan", a medalha que é destinada aos que completam a prova sub 9 horas. Veja na imagem abaixo as medalhas que são distribuídas na Comrades Marathon.



Com a voz embargada, em 2012, no hall de entrada do Beach Hotel, em Durban, ela me falou da sua estréia. À medida que ela avançava na conversa, dava para perceber que uma enorme cicatriz ficou gravada na alma da guerreira que carrega o número 30.050.

A explicação é simples: - Aquela tão desejada medalha tem uma simbologia especial. Em 1921, o primeiro vencedor da Comrades Marathon foi "Bill Rowan", com o tempo de 08 horas e 59 minutos.

Não teve jeito, após a linha de chegada da prova de 2006, alternando momentos de euforia e de desapontamento Ana Márcia só conseguia chorar, pelos dois motivos é claro!!! Confira a matéria que circulou na Contra Relógio, edição nº 175, abril de 2008.

Linha de Chegada - 2010
Quanto ao meu parceiro Bomfim, ele elege o segundo ano de participação na Comrades como o de melhor desempenho. Era o ano de 2007, o sentido da prova "down run", quando pela segunda ocasião, com o número 30.059 - recebeu a medalha "Bill Rowan", concluindo a prova em 08:45:44.

Avizinhando-se a edição da Comrades de 2014, Ana Márcia detém 08 medalhas (06 de Bronze e 02 Vic Clapham), igualmente a Wilson Bomfim (02 Bill Rowan e 06 de Bronze).




Não poderia encerrar esta postagem, sem antes desejar: - Vida longa aos abnegados amigos e que os bons ventos continuem soprando a nosso favor!!!

Dionisio Silvestre


Seção "Eu estava lá"


Comrades 2009 - Samuel (new style)
Aeroporto de Johannesburg - Aniversário do Lucas (em pé)
 
enfrentando o frio da largada em Pietermaritzburg
Samuel, (?), Bomfim, Eduardo, Ana e Margareth
Orgulho de ser Brasileiro (até com a bandeira invertida)
Samuel Toledo e a placa do Bomfim
Ana, Bomfim, Eduardo, Samuel, Ariovaldo