segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Mensen Ernst: lenda? atleta supremo ou engodo?

Ao retornarmos da BR 135+, que foi disputada na Serra da Mantiqueira, o amigo Eduardo Rodrigues propôs resenha a respeito da saga do Norueguês Mensen Ernst (1795 – 1843), considerado por muitos escritores, o maior ultramaratonista de todos os tempos.

Em livro britânico, que foi publicado no ano de 2001, “Running Through the Ages”, o autor Edward Seldon Sears, reservou capítulo específico, para retratar a vida espartana e os feitos extraordinários, daquele que em tese, teria sido o primeiro atleta profissional da história humana.
Embora a narrativa do livro tenha como esteio, a biografia escrita em 1838, pelo alemão Gustav Rieck, época em que Mensen ainda estava vivo, por vezes, a história confunde-se como estória, quando confrontada com a pesquisa publicada em 1986, por Bredo Bernsten, escritor norueguês, autor do ensaio “The King of Running: The Adventurous Life of the Norwegian Mensen Ernst”.

Apesar das contradições pontuais e não significativas entre biografia e pesquisa, o livro menciona que outras fontes contemporâneas ao atleta, também descreveram sobre suas façanhas incríveis, confirmando a tese de vida espartana, recheada de insanidade e genialidade.


De toda a sorte, resguardadas as pequenas arestas entre biografia e pesquisa, outro renomado escritor, Christopher McDougall, em 2010, também rendeu homenagens à locomotiva humana, por intermédio do livro: “Born to run”, ensaio que descreve a vida dos índios corredores, da tribo dos Tarahumaras, que vivem na Serra Madre, no México.
A rigor, os relatos dão conta das multidões que eram atraídas às cidades como Paris, Roma, Istambul, Veneza, Oslo - somente para verem a máquina de correr partir e chegar de suas corridas.

Entre as conquistas extraordinárias, alguns eventos merecem especial destaque: o primeiro deles, que sua fama teria começado a partir de 1818, aos 23 anos de vida, quando correu entre Londres e Portsmouth, 72 milhas (cerca de 116 km) em apenas 9 horas, o que resultaria ritmo impressionante de 04:39 min/km; velocidade média de 12,9 km/h.

Pouco tempo depois, ele teria corrido de Londres até Liverpool, que corresponde a 150 milhas (cerca de 241 km), em tão somente 32 horas, que remete ao ritmo de 07:58 min/km, ou seja, velocidade média de 7,5 km/h.

Que no ano de 1832 - ele teria aceito o desafio de correr de Paris a Moscou em 15 dias, cerca de 2414 km. Eventualmente, caso chegasse no prazo estabelecido, receberia o prêmio de 3.800 francos.

Na oportunidade, deixou Paris às 4 horas, do dia 11 de junho, para chegar ao Kremlin às 10 horas, do dia 25 de junho, ou seja, percorreu a média de 167 km por dia, semelhante a 104 milhas.

Aos 41 anos de idade - em 1836 - diante de sua façanha de maior relevância, teria embolsado 250 Libras para correr 8.300 km (percurso ida e volta), entre Constantinopla (atual Istambul) e Calcutá, na Índia.

Para alcançar tamanha façanha, que diga-se, consta no Guinness Book of Records, Mensen teria corrido média de 140 km por dia, considerando que gastou 4 semanas no percurso de ida, ter descansado 3 dias, retornado e completado o desafio em 62 dias, aí incluído o período de descanso.

À guisa de ilustração, comenta-se que o norueguês raramente dormia mais do que 3 ou 4 horas e quando corria, usava a sombra das árvores para tirar sonecas de 10 a 15 minutos, por duas vezes ao dia, tendo apenas o cuidado de cobrir os olhos com alguma roupa ou pano. Quanto aos alimentos, Mensen preferia comida fria, carregava biscoitos e xarope de framboesa, bebia grandes quantidades de vinho, por vezes, enquanto corria.

Segundo os relatos, na sua última corrida, em 1843, aos 48 anos de idade, a meta seria cruzar a Turquia asiática e, via Jerusalém, alcançar a cidade do Cairo, no Egito, de onde ele correria margeando o rio Nilo até sua nascente.

Ocorreu que, depois de percorrer cerca de 1000 km, o norueguês faleceu às margens do rio Nilo, em decorrência de disenteria, provocada pela cólera, nas cercanias da localidade chamada Aswan.
Memorial Mensen Ernst
Fresvik - Noruega
Em sua cidade natal, Fresvik, Noruega, foi construído memorial para materializar e registrar as façanhas inacreditáveis do Senhor "Mons Monsen Oyri" ou como a esmagadora maioria o conhecia: "Mensen Ernst".

Mera coincidência ou não, quando eu estava próximo de concluir a resenha, recebi correspondência eletrônica do amigo Samuel Toledo, nos seguintes termos:

Amigos,
Dia 20/02 sexta-feira às 19h vou para Pirenópolis caminhando, sem carro de apoio, vou levar dinheiro para comprar água e comida na estrada, quem quiser participar considere convidado, quando chegar em Piri meu filho vai me buscar.

Aquele abraço,
Samuel Toledo
Em breve resumo: - será que a vida continua a imitar a arte ou é a arte que insiste em plagiar a vida?

Ultra abraço e nos vemos no caminho!!!

Dionísio Silvestre

2 comentários:

  1. Amigo Silvestre,

    É muito cartaz ser citado em um texto sobre uma lenda.
    Tenho certeza que se estivesse em Brasília participaria desta caminhada para Piri.

    Aquele abraço,

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    1. Samuel,

      Sem sombra de dúvidas, é óbvio que participaria da aventura do amigo, até porque, o dia 20 de fevereiro é uma data significativa para este Khelônio do Cerrado, ou seja, é a primeira oportunidade que utilizarei o chassi SLV.5.1.STR.

      Forte abraço,

      Silvestre

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Aos leitores do blog "Correr é Pura Paixão" deixo meu profundo agradecimento. Aguardo seu comentário, uma vez que a participação de vocês é de grande importância para o aprimoramento dos relatos.

Ultra abraço,

Dionisio Silvestre