Após minha oitava Comrades Marathon, no dia 09 de junho de 2019, na África do Sul, a convite do amigo Samuka, corremos em dupla, os 100 Km do Desafio do Frio - Garanhuns x Caruaru, no dia 04 de agosto do ano passado.
Na sequência, embalado pelos treinos, fui lá em Florianópolis, na companhia da "alma gêmea guerreira - Marileusa Ferreira" para correr no dia 25 de agosto de 2019, os tradicionais 42 Km da Maratona de Floripa e os 21 Km da Meia Maratona.
O passaporte para a 95ª Comrades Marathon estava carimbado com o tempo de 3 horas e 29 minutos - Gate "C".
Hora de zerar o setup, diminuir os treinos de corrida, ajustar os treinos de bike para o final de ano e aguardar a divulgação da lista Team Unogwaja Challenge 2020, um sonho de longa data.
Não me recordo a data, sei que o anúncio do Unogwaja estava prestes a sair, quando recebi o convite do Samuel Toledo para enfrentar em quarteto os insanos 217 Km da BR 135 - edição 2020.
O amigo da onça, ele mesmo!!! me apresentou o nome dos demais que aceitaram o convite: Marcos e Tião, duas feras e parceiros de outras jornadas de corrida. Bom demais!!!
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Samuel, Silvestre, Tião e Marcos |
De início, comentei que no mês de janeiro não estaria com treinamento adequado para enfrentar os 33 Km iniciais (obrigatórios para a equipe) e depois os trechos alternados que somaram + 39 Km, resultando em 72 Km, subindo e descendo morros na Serra da Mantiqueira.
Até aqui, você não viu nada, não imagina o que tínhamos pelo Caminho da Fé - então, vou contar!!!
Na largada da prova, como praxe, hora de rever amigos conquistados a custa de muito suor, incontáveis fotos, semblantes preocupados, rostos alegres, olhares no infinito, garrafas de água nas mãos, ajustes nas armaduras de guerreiras e guerreiros.
Estávamos novamente na Ultramaratona das Montanhas!!!
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largada BR 135 - 2020 |
As 10 horas da manhã do dia 16 de janeiro de 2020, a largada foi realizada e uma verdadeira procissão de carros e pessoas era vista na estrada velha, em direção a Serra do Deus me livre!!!
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Estrada Velha |
Só de ouvir o nome da serra já fico apreensivo, o negócio é pesado para quem faz quarteto, imagine para os amigos de Brasília e Goiânia:
Jorge Coentro - Solo 217 Km em 35h 07min.
Só gente bruta!!! Vai vendo!!!
No resumo da ópera, sofremos para concluir os 33 Km iniciais, asfalto, terra, trilha, sol forte - todavia, nosso carro de apoio estava pronto para nos auxiliar nos aspectos de hidratação, suplementação e algumas guloseimas. Bom demais!!!
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carro de apoio |
Na cidade de Águas da Prata, nossa primeira parada para alimentação - você come o que é possível para se manter firme, ademais, no decorrer do caminho, vai se virando com algumas iguarias e bebidas do carro de apoio.
Passamos pela cidade de Andradas - Samuel degustou um delicioso hambúrguer; Marcos e Tião se programaram para o macarrão da Dona Natalina; no meu caso era banana, melão, paçoca, água, gatorade, soro de hidratação, pão integral com queijo, presunto e salame - oloko!!!
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hora do lanche!!! |
Nuvens assustadoras nos aguardava na subida da Serra dos Lima e não demorou muito para enxergarmos raios no meio da Serra da Mantiqueira, pouco mais a frente, uma chuva cabulosa obrigou o carro de apoio a seguir pelo desvio, evitando a Subida do Sabão, ponto de tormento para os desavisados.
Em medida de cautela, o carro de apoio seguiu pelo percurso alternativo, entretanto, nos perdemos e a tarefa de retornar ao Caminho da Fé rendeu uma volta enorme de mais de 40 Km. O sofrimento!!!
O monumento ao Menino da Porteira, em Ouro Fino, foi nosso ponto de referência e dali, voltamos no percurso para substituir o amigo Marcos, próximo a entrada da cidade de Crisólia - 15 Km de corrida para o guerreiro!!! Eita cabra bom!!!
A noite avançava, nosso rodízio de atletas seguia bem ajustado, as ruas da cidade de Inconfidentes estavam vazias - naquele local lembrei-me do DNF na única oportunidade que tentei a BR 135 na Categoria Solo, pois foi ali que abortei a missão!!! Quero lembrar mais disso não!!!
Borda da Mata se aproximava - nada diferente acontecia em nosso trajeto, os integrantes do Quarteto BSB PARQUE, corriam os 2 Km e descansavam os 6 Km seguintes. Na praça da cidade, frente a Igreja Matriz, ficamos sabendo que havia em nossa frente: um Quarteto, com 3 horas de vantagem; uma dupla com uma hora de vantagem e um gigante... repito: gigante Leonardo Sant Anna da categoria solo, também com uma hora a frente.
Penso que a notícia da vantagem de 3 horas daquele outro quarteto nos retirou a ousadia e o entusiasmo, pois dali em diante, alternamos corrida e caminhada, o que não vinha acontecendo antes.
A noite cedeu espaço para o dia quando passamos por Tocos do Moji - nada diferente acontecia a não ser a Subida da Porteira do Céu, eita lasquera!!!
Na cidade de Estiva, cometemos erro imperdoável na estratégia: nós quatro, resolvemos tomar café da manhã na padaria que fica ao lado da Pousada Poka, o atendimento demorou bastante e um dos carros de apoio do quarteto que vinha atrás - GRAE Team, chegou na praça da cidade.
Sem sombra de dúvidas, aquela informação foi substancial para a equipe adversária, que no final da Serra do Caçador nos alcançou e desencadeou disputa frenética pela segunda colocação.
A disputa ficou acirrada, ninguém queria ficar para trás - era tiro, porrada e bomba!!!
Se me perguntarem como foi nossa passagem pela cidade de Consolação, vou responder: não me lembro!!!
Confesso que fiquei surpreso de ver os 8 atletas - 4 de cada equipe GRAE Team e BSB PARQUE- correndo com aquela intensidade após 180 Km de revezamento.
Por vezes, registramos ritmos na casa de 4 minutos/Km, independente do terreno, se subida, plano ou descida.
A sorte estava lançada e nenhuma das duas equipes queria ficar para trás!!!
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Samuel Toledo |
Nós três - Tião, Marcos e Silvestre, ponderamos que não seria possível e que corríamos o risco de ficar travados no final da prova.
Os argumentos não foram suficientes para demovê-lo da insanidade dos tiros e assim foi - tei, tei, tei!!! só pipoko!!!
E não é que o infeliz acertou!!! - Na passada louca do Samukinha, fomos abrindo vantagem e num passe de mágica, chegamos a Praça da Igreja Matriz de Paraisópolis.
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Quarteto BSB PARQUE - 2ª colocação - 27h 28min |
Simplesmente inacreditável o poder da ADRENALINA!!! Missão concluída em 27h 28min!!!
Não tenho adjetivos para mensurar aquela Maratona entre Estiva e Paraisópolis, juro!!!
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Tiao, Eduardo, Samuel, Marcos - Silvestre e Bomfim |
Os amigos que seguiam na categoria solo - Eduardo Rodrigues, Jorge Coentro, Vanderval Roza e Wilson Bomfim, gradativamente foram superando suas provas com muita fibra e determinação. Parabéns guerreiros!!!
Quanto ao título da resenha: é a mais pura verdade!!!
Forte abraço e nos vemos no caminho!!!
Dionisio Silvestre
Dionisio Silvestre
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Excelente registro da aventura do quarteto fera.
ResponderExcluirParabéns mestre Silvestre.
Professor Eduardo Rodrigues,
ExcluirUm dia, estaremos contemplando essas resenhas, com nossas aventuras na Serra da Mantiqueira, bom demais estar compartilhando o Caminho da Fé com os amigos da Equipe BSB PARQUE.
Parabéns por mais uma belíssima prova solo 136 Km, você é fera!!!
Forte abraço!!!
Parabéns a equipe BSB PARQUE!!! Só fera...
ResponderExcluirOtima resenha! Showwwwww
Querida esposa,
ExcluirMuito obrigado pelas palavras de apoio e incentivo ao Quarteto BSB PARQUE, a cada oportunidade na Serra da Mantiqueira, me convenço que realmente somos um bando de malucos.
Meus Parabéns ao Quarteto de Guerreiros da BSB Parque na luta incansável pela colocação e a você pela excelente narrativa.
ResponderExcluirNão esqueço todos os atletas Solos citados por vc e os demais, cada um com o seu objetivos se jogaram nessa aventura pela Mantiqueira vencendo obstáculos constantes.
Um forte abraço !
Parabéns Professor Bomfim, você é fera!!!
ExcluirGrande Silvestre,
ResponderExcluirExcelente e fiel relato!
Parabéns por ter conseguido excelente qualificação na Comrades, baia C só elite!
Parabéns a todos os amigos que participaram da prova, completar ou não o desafio faz parte do crescimento, todos são vencedores.
A Br135 é uma prova sem igual, o corredor que tem a disposição de crescer como pessoa e esportista, sempre volta um degrau acima, pois a prova exige total equilíbrio, pois se encaramos o desafio com muita confiança ela nos dobra e ensina a humildade frustrando nossas expectativas, se por outro lado vamos muito cautelosos ela exige nossa ousadia.
Ousadia que tivemos no final da prova para superar o cansaço, as dores musculares, o sono, e entregarmos nosso melhor...toda nossa energia e correr o que não imaginávamos poder fazer, foi espetacular!
Aquele abraço e até a próxima.
Nobre amigo Samuel Toledo,
ResponderExcluirFique tranquilo, ainda vou arrumar uma cilada para você... fique tranquilo, tá?