sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobreviventes de uma corrida extrema - Pedro Sobrinho e Amigos

Extrema - Minas Gerais
Outro dia, lendo uma reportagem sobre a lenda "Bruce Fordyce", passei a compreender melhor o fascínio que alguns corredores nutrem por determinadas corridas. Utilizando uma frase simples: "A certeza do retorno chega quando as dores passam", ele resumiu o que eu ainda não consegui sintetizar nas mais variadas resenhas aqui do blog.

Ele explicava que, frente às adversidades e aos desafios, que maltratam e machucam os atletas, muitos amaldiçoam a experiência de uma prova desgastante e sobre humana. Por vezes, juram não mais voltar, entretanto, corredor é bicho neurótico e incessantemente buscam a superação individual.

O amigo Pedro Sobrinho, não fugiu à regra. Confiram o relato de sua primeira corrida de montanha em 2008.
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No início de 2008, eu procurava algo diferente das corridas de rua que normalmente acontecem aqui em Brasília, pesquisei bastante e descobri que havia uma corrida em trilha, na cidade de Extrema, um pequeno Município no extremo sul do estado de Minas Gerais, em plena Serra da Mantiqueira.

Com aquelas primeiras informações e desinformações - sobre o local, o desafio e o desconhecido - cheguei à conclusão que faria aquela corrida. Naquele instante mágico, eu transpirava motivação. Conversei com minha amiga Sandra (hoje minha esposa), bem assim, com outros dois amigos - Renato e Luana - e, em grupo, decidimos nos preparar para aquela aventura.

Na condição de bom mineiro - nascido em Bocaiuva - ao tempo em que me preparava para o desafio, também planejava a viagem, pesquisando as condições de hospedagem, a melhor forma de chegar ao local, enfim, vários assuntos foram sendo abordados nas conversas de nosso pequeno grupo.

Diante das características da prova – 24 km em trilhas de montanha e à noite – nosso grupo passou, resguardadas as devidas proporções, a treinar próximo às condições que teríamos.

No início, utilizei o Parque da Cidade, correndo pela grama e fugindo da iluminação noturna do local. Recordo-me que na viagem de volta à Brasília, aqueles primeiros treinos foram motivo de muitas e boas gargalhadas entre os amigos, pois a princípio, acreditava que estava escolhendo o percurso ideal para enfrentar a prova - com pequenas subidas, corria no meio do mato e simulando obstáculos - cheguei a utilizar a vala deixada pela chuva, ou seja, a princípio muito “hard”.

Certa ocasião, o Renato idealizou corrermos no Jardim Botânico, que a princípio, seria um pouco mais difícil. Naquela nova metodologia, no feriado de 21 de março de 2008, completamos um treino de 3 horas e chegamos à conclusão, que ali seria o ponto ideal para nossos treinamentos, entretanto, esquecemos que seria necessário treinar à noite também, o que seria impossível no Jardim Botânico. Vejam que mal havíamos decidido por enfrentar a prova de Extrema, e já tínhamos o primeiro obstáculo para vencer.

Com o auxílio de um GPS, demarcamos uma trilha de 1,5 km - avaliada como bastante difícil - perto da Ermida Dom Bosco e ali passamos a efetuar nossos treinos. Por diversas vezes, treinei naquele local, sempre diminuindo o tempo, chegando a fazer ida e volta em 16 minutos, o que em tese, me daria algo em torno de 2 horas e 8 minutos para os 24 Km.

Na oportunidade, fiz uma continha de padeiro, sobrepondo mais 40% no tempo de prova e, cheguei à “brilhante conclusão” que fecharia o desafio em 3 horas. – Beleza, vai ser mais fácil do que eu pensava.

Dizem que os mineiros são precavidos, assim, tendo em conta que estaria enfrentando algo totalmente desconhecido - por absoluta precaução – tratei de montar o Plano B, no propósito de concluir o percurso em até 4 horas.

Voltando o foco aos treinos - passei a subir e descer diariamente as escadas para o meu local de trabalho. A rigor, seriam 10 andares; que equivalem 16, uma vez que em 6 deles, o pé direito é o dobro dos demais.

No decorrer de nosso período de treinamento, o Renato me mandou uma narrativa onde outro amigo, descrevia a sua experiência, tal como estou fazendo agora.

Quando acabei de ler, minha primeira reação foi pensar que o rapaz estava exagerando, para se auto valorizar, quem sabe até, com uma boa dose de fantasia. Por ironia do destino, cheguei a comentar com os amigos que frequentam o Parque da Cidade em Brasília – DF, mal sabendo eu, que o castigo viria a cavalo!!!

Nossa viagem foi muito divertida - Eu, Sandra, Renato e Luana - e dentro do planejamento inicial. Quer dizer, quase tudo, porque no dia 01 de maio de 2008, precisamente às 18:00 horas, chegamos à cidade e nos deparamos com chuva e frio extremo (detesto frio).
No dia seguinte, a situação foi um pouco melhor – apenas uma chuva: - que começou de madrugada e foi até a hora de dormir. Ainda assim, deu tempo de visitar a belíssima região da cidade de Monte Verde – com paisagens cinematográficas. Um paraíso nas montanhas da Serra da Mantiqueira em Minas Gerais.
Paisagens em Monte Verde
Fomos dormir rezando para que a chuva desse uma trégua, embora sabendo dos estragos que já haviam sido feitos naqueles 2 dias de chuva intensa. Era nítido que a trilha já estava comprometida, totalmente molhada e escorregadia (mas nunca poderíamos imaginar o quanto).

No sábado, dia da corrida, 03 de maio de 2008, o sol resolveu aparecer, nos proporcionando um belo dia. Foi uma experiência incrível conhecer as pessoas que estavam na cidade para participarem da corrida (assim como nós).

À medida que fomos conversando com os atletas mais experientes na prova, eu comecei a dar mais crédito ao relato daquele outro amigo. Sem sombra de dúvidas, o bicho iria pegar.

Como diria o amigo Silvestre: - “com a “armadura do guerreiro pronta” - camel back, lanterna de cabeça, lanterninha de mão, lanterna reserva, gel repositor de energia e pilhas – às 16:30 horas eu estava pronto para a empreitada. A seguir, às 17:00 horas, o Diretor da Prova começou uma explanação sobre as peculiaridades e orientações essenciais da prova.

A primeira dica: - que seria uma péssima ideia correr de camiseta cavada, ou de short curto, pois lá em cima, fazia um frio assustador. Não titubeei, voltei correndo ao hotel para trocar o short curto de corrida, por um moletom que tinha levado exclusivamente para dormir.

Só para que o amigo tenha noção do tamanho da encrenca, a montanha é tão alta que sempre fica encoberta pelas nuvens, na maioria das vezes, você não consegue enxergar o topo.

Naquele instante me tornei um cristão mais fervoroso ainda, comecei a rezar para Deus continuar protegendo aquele Diretor de Prova, por muito tempo. Até disse isso pra ele quando terminei minha corrida.

Às 18:10 horas – Com o dia cedendo espaço para a noite, foi dada a largada - 12ºC de temperatura na parte mais baixa!!!
Largada da Corrida de Montanha - Noturna
Pedro Sobrinho - n° 87
Os primeiros 2 Km são dentro da própria cidade, num relevo que lembra muito a cidade de Ouro Preto. Assim que saímos da cidade, começou uma ladeira acentuada, e ali fui obrigado a caminhar, contrariando o meu propósito de não caminhar no trecho.

Almejava sempre correr, ainda que fosse bem devagar, entretanto, não foi possível, tive que caminhar, e enquanto isso já refazia todo o meu mapa mental, pois percebia que o treino em Brasília, tinha sido fichinha quando comparado aquele primeiro trecho.

Mesmo assim, comecei a ultrapassar alguns corredores e aquilo foi me animando. A subida é coisa de louco, são 600 metros de altimetria positiva, em 4 Km e para complicar ainda mais, por causa da chuva dos 2 dias anteriores, estava exageradamente escorregadio.

Para que os amigos tenham a exata noção do imbróglio, a subida do Colorado - ligação do Plano Piloto com a cidade satélite de Sobradinho - tem um desnível de 200 metros nos mesmos 4 Km de extensão. Em resumo, multiplique o nível de dificuldade por três e jogue um pouco de óleo no asfalto para simular a lama.
Altimetria da prova
O desespero começou já no primeiro posto de apoio, quando enxerguei a placa que marcava 4 km. Olhei para o relógio e me assustei: - 51 minutos de prova. Refiz as contas rapidamente e concluí que estava no limite de tempo da prova. - Vou acabar com quase 6 horas. Aquilo me desmontou, foi um balde de água fria, se é que ainda era possível ter água mais fria.

Pensei comigo: “tanto treino para concluir a prova no último minuto, ou talvez nem chegar - se a coisa piorar daqui pra frente”.

Psicologicamente, eu fiquei um caco. Pelas minhas contas iniciais, deveria passar no Km 8 com 53 minutos, mas como se diz lá no Maranhão: “eu já estava com água nos peitos” e o jeito era seguir em frente.

Cheguei a um trecho de mata fechada, mal conseguia enxergar 1 metro à frente, mas era o tipo de terreno que eu gosto, assim, sentei os cravos, pretendia recuperar o prejuízo.

Naquele momento, eu tinha plena consciência que terminaria dentro do limite da prova, que era 6 horas. Animado com o trecho, mantive uma boa velocidade, eis que surgiu um desnível repentino, escorreguei e - tichbum - levei um baita tombo, caindo de bunda no chão. P.Q.P. – como doeu aquela queda.

Ainda atordoado, levantei e continuei na mesma toada. Um pouco mais à frente, cerca de 200 metros, outro tombo. Dessa vez um pouco mais sério porque à medida que eu ia caindo, tentei me segurar numa árvore mas logo desisti, imaginando que havia espinhos - tirei a mão.

Não sei como foi possível, mas caí com o braço virado para trás e pela dor, pensei que tinha quebrado. Apalpei o local da dor no braço e percebi que o estrago maior tinha sido no pulso.

Dei um beijo no meu santinho (um crucifixo que levo sempre no pescoço) pedi a Deus para me proteger, trinquei os dentes e amedrontado, sentei a bota novamente. O agravante é que eu segurava a lanterna com a mão esquerda e já não podia contar com a mão direita, caso caísse.

Sacudi a poeira, digo, a lama e continuei correndo. Com a queda, a lanterninha de mão que tinha caído antes do início da corrida, começou a dar mau contato - acendia, apagava, acendia, apagava.

Um pouco mais a frente, passei por outro posto de apoio no Pico dos Cabritos e novo desespero - 6 Km em 1 hora e 29 minutos. Não tinha jeito, sabia que mais para a frente a coisa ficaria ainda mais feia pois me recordei da altimetria do percurso. Nos meus piores pesadelos, jamais imaginei correr a 4 Km por hora – convenhamos, aquilo era mais lento que andar!!!

Acelerei e resolvi esquecer o relógio, jurei não olhar mais para o famigerado. A meta passava a ser: “chegar a qualquer custo, nem que fosse acima do tempo limite de 6 horas”.

Km 10 – Uma luz muito forte explode repentinamente na minha frente, era o flash do equipamento de um dos fotógrafos da prova. Apesar do susto, mandei ver na velocidade e cheguei a uma descida - levei o terceiro tombo, entretanto, não me surpreendi com a queda, pois de certa forma, eu estava preparado, quando o terreno ficou muito liso. Em mais uma ocasião, levantei e continuei firme.

A todo momento, me ocorria a dúvida se eu teria tempo ou não, para fechar a corrida dentro das 6 horas. Sem outra alternativa, me mantive firme na decisão de não olhar o relógio.

Na escuridão, passei por um mata-burro e agradeci imensamente a Deus por não ter metido meu pé nas fendas, porque quando vi já estava no meio dele. Gritei pra um camarada que vinha logo atrás: cuidado com o mata-burro!!! – Em resposta, ele gritou me agradecendo. Quem participa deste tipo de prova, sabe a importância do companheirismo e da solidariedade no decorrer do evento, assim, nascem muitas amizades.

A coisa não estava fácil para ninguém. Um pouco mais à frente outro mata-burro. Agora éramos 3 correndo lado a lado e logo avistamos a placa indicativa do Km 12 seguíamos pela aresta da Serra dos Forjos em direção à Rota dos Ventos. Havia um jovem orientando os participantes a virar à esquerda.

Aqueles dois corredores que estavam comigo no último quilômetro, estavam 100 metros à minha frente, não demorou e a subida me permitiu emparelhar e passá-los, pelo que fui me distanciando. A subida foi ficando cada vez mais difícil e eu pensando: é já que acaba. Que nada: - a coisa só piorava. Havia uma lama escura, lisa, misturada com capim.

Na sequência, enxerguei 2 rapazes da organização. Quando passei por eles um me disse: - Vai com cuidado, aqui tem um precipício. Você está no Pasto da Morte.

Tinha algo errado, pois o Pasto da Morte é o trecho mais difícil, e eu tinha lido sobre ele inúmeras vezes e tinha absoluta certeza de que começava no Km 16. – P.Q.P!!!

Imediatamente me veio à cabeça: – ou os organizadores erraram feio, ou fizeram de propósito marcando sempre 4 km a menos só para deixar os pobres corredores ainda mais estressados.

Mal sabia o que estava por vir. Os próximos 1000 metros seriam dignos de uma comédia. Comecei dando uma corridinha de leve, depois andando rápido, depois andando devagar. A cada 2 passos para a frente, um escorregão e descia um pouco de volta. A subida não dava trégua e ficava cada vez mais íngreme. Aquilo já não era mais uma corrida e sim uma escalada de montanha. As panturrilhas doíam tanto, que pareciam estar sendo furadas por pregos.

Aproximei-me de uma cerca para tentar segurar no arame, mas era arame farpado. Olhava para cima e via vultos, muito longe. Alguns metros acima, havia outro corredor e vagarosamente fui me aproximando. Olhava para baixo e via as luzes das lanternas dos demais. Na altura do campeonato, eu já tinha andado de quatro há muito tempo. Primeiro com pés e mãos no chão, depois com mãos e joelhos. Haja sofrimento!!!

Agarrava-me no capim baixinho e ia tentando galgar poucos centímetros de cada vez. Não conseguia imaginar se estava no começo ou meio. Só sabia que infelizmente ainda não estava nem perto do fim. Jurei que nunca mais voltaria ali para correr.

Pela terceira vez soltei um P.Q.P!!! - O que é que vim fazer nessa porra. Devia estar lá em Caldas Novas tomando um belo banho quente. Enquanto isso, o frio congelava!!! – Alguns críticos de plantão diziam ter feito 3°C (temperatura para pinguim).

A vontade de desistir era enorme, pensava deitar de costas e esperar o resgate, todavia, lembrei-me do nome do local: PASTO DA MORTE – ali não era um bom local para desistir, era melhor avançar um pouco mais. Na avaliação do amigo Renato: “as vacas só conseguem pastar por aquelas bandas, se usarem equipamento de rappel!!!!

Nosso preparo psicológico estava indo embora, literalmente “pro brejo”. O medo tomou conta, olhei para cima e imaginei mais 50 metros para aquele tormento terminar. Me senti de alma renovada, porém, tudo que era bom, durava pouco. O companheiro da frente vira e me diz: - Cuidado com esse trecho, porque se você escorregar vai despencar e cair rolando até lá embaixo!!! Pelo amor de Deus!!! - Tudo menos isso. Orei para todos os Santos que me recordei.

Engatinhar já não era possível, o jeito era rastejar, no estilo dos militares, de barriga colada no chão. Naquele desespero, terminei o Pasto da Morte. - ADEUS FILIAL DO INFERNO!!! – NUNCA MAIS PISO AQUI!!!

Levantei e logo encontrei 2 colaboradores da organização. Atordoado, perguntei se eles tinham água e prontamente me responderam: - Só daqui a 2 km!!!

Fui salvo pelo Gatorade da camel back. Bebi um pouco, engatei uma quinta marcha e detonei. Agora eu sabia que chegaria dentro do tempo limite. Não sabia quanto, pois me recusava a olhar o relógio, mas conseguiria. Corri feito louco e cheguei ao topo da montanha de novo.

Era o ponto onde encontrávamos o mesmo caminho da ida no Pico dos Cabritos. Parei para observar a paisagem. Aquilo merecia uma contemplação, tive a certeza de que DEUS existe, pois ele havia me tirado do inferno e agora me dava essa visão do Paraíso.

Confesso que fiquei muito emocionado, e só de lembrar agora, aqui, escrevendo, me emociono novamente. Que coisa linda era aquela!!! - O céu, as estrelas, a cidade lá embaixo, outra cidade mais à frente.

Tomei outro gole de Gatorade e reiniciei minha corrida. Passei pelos amigos Maurício e Fernando, de Curitiba, que havia conhecido no hotel. Soltei o grito de guerra, incentivando-os. Agora, já era descida e eu estava totalmente renovado.

Juntamente com a alegria, recuperei as energias. Corri muito, muito mesmo. Aí, me deparei com mais um pequeno problema, inusitado, diga-se. Minha calça velha - de moletom - pesada pela água e lama, começou a cair. Não havia outra forma, eu tinha que segurar a lanterna, me equilibrar, porque continuava liso e ainda por cima ficar suspendendo a porra da calça e isso tudo de luva.

Mas tudo bem, eu corria com desenvoltura. De repente meu tênis desamarrou e tive que parar. Amarrei o cadarço rapidinho mas com a luva não ficou legal. Cerca de 500 metros à frente, desamarrou de novo, foi quando joguei as luvas fora e dei um nó cego no cadarço. - Quero ver essa merda desamarrar de novo!!!

Ao amarrar o tênis, desequilibrei-me e quando levei a mão para me apoiar, meti a lanterna numa pedra. O equipamento que já dava sinais de mau funcionamento, apagou de vez. Pensei: - Tudo bem, já estou perto da cidade e ainda tenho a lanterna de cabeça. Resolvi não pegar a lanterna de reserva, que estava na pequena mochila. Senti um vento frio congelar minhas mãos e logo percebi a besteira que eu tinha feito, ao jogar as luvas fora. Mas foi meu último contratempo.

Alucinadamente, para espantar o frio, passei a correr feito louco. Passei 4 corredores na descida e enxerguei outro a aproximadamente 400 metros à minha frente. A iluminação pública era parceira naquele instante.

Aos poucos, fui buscando o atleta que estava à frente, estava sedento quando cheguei ao último posto de apoio, tomei um copo de água, peguei mais outro. Dei uma bela respirada e reiniciei a corrida. O outro corredor havia se distanciado, mas me convenci que era possível. Concentrei-me novamente e comecei a correr mais forte. Passei por ele na entrada da última rua da cidade.

Recordei-me do relato que o Renato me mandou: - “os últimos 800 metros são em subida, muito íngreme”. Agora vai ou racha. Era óbvio que não conseguiria subir tudo aquilo correndo, evidentemente, teria que caminhar, mas estava decidido a não ser ultrapassado.

Caminhei por um quarteirão, olhei para trás e enxerguei o guerreiro ainda mais longe. Respirei aliviado e passei a andar um e correr dois quarteirões. Extenuado, cheguei ao fim da prova, atravessei o pórtico, peguei meu santinho dei um baita beijo nele e logo, rezei um Pai Nosso.

Agradeci imensamente a Deus por ter me conduzido até o fim da prova mais espetacular, mais desgastante e mais emocionante de que já participei em minha vida. Não acreditei quando olhei para o relógio, que marcava 3 horas e 38 minutos.
Linha de Chegada
Incrível!!! – Rezei mais um Pai Nosso em agradecimento.

Comi o lanche oferecido pela organização, fui ao hotel tomar um banho e voltei para esperar meus 3 amigos, que apesar de seus contratempos, terminaram a prova bravamente. Mas penso que esta história eles mesmos podem contar.
Renato, Pedro, Luana, Sandra 

No dia seguinte, domingo, voltamos de carro para Brasília e no decorrer da viagem veio a primeira tentação de quebrar aquela promessa que eu tinha feito lá no Pasto da Morte.

Para encerrar, deixo aqui um grande abraço e agradecimentos, aos amigos Sandra, Renato e Luana pela companhia maravilhosa daqueles 4 dias. Sem eles, a conquista não teria a devida dimensão, sequer teria conseguido.

Pedro Ivo de Souza e Silva Sobrinho
em 05.05.2008


*** O b s e r v a ç ã o ***

Cinco anos mais tarde, Pedro Sobrinho quebraria a promessa, retornando para conquistar o segundo lugar em sua categoria, na corrida de montanha noturna, embrenhando-se por 24 km pela Serra da Mantiqueira, nas imediações da cidade de Extrema, no sul do estado de Minas Gerais.


4 comentários:

  1. Insuperável Pedro,

    Antes de mais nada, muito obrigado pela oportunidade em reproduzir a "saga" de sua primeira corrida de montanha. Ontem, quando terminei a edição, tentei postar comentário, todavia, me faltavam argumentos para enaltecer sua experiência de superação durante aquele desafio extremo.

    Algumas ciências do conhecimento humano nos ensina que em todas as atividades, o indivíduo normalmente deixa sua assinatura particular, demonstrando suas virtudes e eventuais limitações.

    Ao passo em que escrevo este comentário, imagino que naquele desafio, eventuais limitações foram superadas pelas virtudes - garra, entusiasmo, firmeza de propósito, obstinação, força, fé, amizade, cumplicidade, disciplina. O texto é proporcional ao tamanho da realização pessoal (gigante).

    Ultra abraço e nos vemos no caminho!!!

    Silvestre

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  2. Parabéns Grande Pedro,
    A medida que fui lendo o relato fui lembrando de outras histórias, da prova, contadas no parque, lembro também que treinamos para outra prova no trecho da Ermida. Você sempre vai bem nas provas, fruto de treinos duros e focados.
    Vejo que nesta prova o desafio é enorme e perigoso, além da dificuldade do percurso tem o frio e a noite, ingredientes que deixam tudo pior ou melhor, como muitos corredores dizem "quanto pior melhor".
    Aquele abraço,
    Samuel Toledo

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  3. Olá Dionísio!
    Tem um e-mail de contato?
    Procuramos em seu blog, mas não achamos.
    Obrigado!

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    Respostas
    1. Olá pessoal,

      O e-mail para contato - dsfj.silvestre@gmail.com

      Ultra abraço e sejam muito bem vindos ao espaço do "Correr é Pura Paixão".

      Dionísio Silvestre

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Aos leitores do blog "Correr é Pura Paixão" deixo meu profundo agradecimento. Aguardo seu comentário, uma vez que a participação de vocês é de grande importância para o aprimoramento dos relatos.

Ultra abraço,

Dionisio Silvestre