1º dia: Águas da Prata a Ouro Fino
No dia seguinte, às 08:22 h - 22 de outubro de 2018, segunda-feira - partindo da Praça Basílio Ceschin em Águas da Prata, SP, iniciamos a jornada de quatro dias pedalando pelas estradas vicinais que cruzam a Serra da Mantiqueira - Eduardo Rodrigues, Samuel Toledo, Sebastião Santos, Dionisio Silvestre, Ricardo Portugal, Marcos D'Angelo e Julio César.
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A hora chegou!!! |
Absortos e silenciosos enfrentamos os 2 km iniciais com absoluta cautela para superar a primeira subida. Foram necessários cerca de 15 minutos para se chegar ao final do morro. Era nítido, no semblante dos amigos que a missão seria árdua por extremo, porém gratificante e renovadora.
À guisa de ilustração, diga-se hilária, e utilizando-se do linguajar próprio dos ciclistas: relato que giramos absolutamente nada para utilizar "vovozinha e vovozona" - ou seja, em tão pouco espaço foi necessário usar a menor coroa e a maior catraca, demonstrando assim, que elas seriam nossas inseparáveis companheiras - 24 x 36 (Samuel); 26 x 36 (Eduardo); 34 x 50 (Julio); 34 x 46 (Silvestre); 26 x 36 (Ricardo); 26 x 36 (Marcos) e 26 x 36 (Tião).
Embora a subida ao ponto mais alto do Pico do Gavião, 1680 metros, não faça parte do Caminho da Fé, concordamos passar pelo local para registro fotográfico.
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Pico do Gavião |
Registro concretizado, efetuamos a descida com extrema cautela e a seguir, partimos para a cidade de Andradas. Um pouco antes da longa descida ao município mineiro, encontramos peregrinos ao longo do caminho. Hora do registro!!!
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peregrinos no caminho!!! |
O dia avançava, calorias eram consumidas e os guerreiros tornavam-se famintos - nada melhor que saborear aquele tradicional "bife de boi".
Alegando não estarem com fome suficiente, Samuel Toledo, Ricardo Portugal e Marcos D'Angelo seguiram pedalando, enquanto os demais ciclistas e motoristas dos carros de apoio almoçaram - Bruno e Júlio.
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Equipe de apoio: Júlio e Bruno |
Em Serra dos Lima, o sol judiava e a subida, diga-se insana, maltratava ainda mais. Salvo melhor juízo, o fotógrafo Marcos D'Angelo e a locomotiva Júlio Cesar conseguiram zerar a Serra dos Lima, o primeiro com a relação 26 x 36 e o outro, com a relação 34 x 50 - cabras brutos!!!
Ironicamente, os demais pebinhas, contentaram-se em caminhar empurrando suas bicicletas ladeira acima. Ohhh dureza!!!
A seguir, surgia uma descida salvadora e renovadora de energias #SQN para o amigo Samukinha, que comprou o primeiro terreno quando esqueceu da máxima: "após uma descida, sempre haverá uma subida".
Sonoras gargalhadas aqui até 2052!!! - O infeliz desceu em desabalada carreira e displicentemente, esqueceu de acionar vovozinha e vovozona para enfrentar aquele top traiçoeiro!!!
Resumo da ópera: não conseguiu girar o pedivela pois estava com uma relação muito pesada, tão pouco conseguiu se livrar dos "clips".
Olha lá o corpo estendido no chão!!! Run Bóra levantar e sacudir a poeira!!!
No curso do primeiro dia, superamos a subida do sabão, passamos na cidade de Barra e de Crisólia. Aos poucos a primeira tarefa estava sendo concluída, sem maiores percalços.
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imediações de Ouro Fino |
As cenas e o cotidiano daquele local começavam a fazer parte do roteiro!!!
Na logística de manutenção das magrelas, no primeiro dia foi necessário efetuar a troca de duas câmaras de ar da bicicleta do Samuel Toledo, bem assim, das pastilhas do freio traseiro da bicicleta do amigo Eduardo Rodrigues.
Foram 2.255 metros de altimetria positiva ao longo do percurso!!!
2º dia: Ouro Fino a Consolação
Após uma bela e revigorante noite de sono na Pousada Don Paolo, Ouro Fino - MG, reiniciamos a empreitada às 06:39 h, clima super agradável, horizonte azul.
Em pouco tempo, a cidade de Inconfidentes seria alcançada e nos 35 Km iniciais, o terreno estava favorável, sem maiores esforços aos ciclistas peregrinos.
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só o ouro!!! |
A partir de então, cenários deslumbrantes e uma sucessão de ingratas subidas e descidas aconteceriam: Borda da Mata, Tocos do Moji, Estiva e Consolação.
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nos vemos no caminho!!! |
Uma dica importante e não observada pelos amigos Eduardo Rodrigues e Sebastião Santos: redobrem a atenção na sinalização do Caminho da Fé quando se aproximarem de Borda da Mata, pois há uma descida em linha reta e a seta amarela determina virar a direita numa curva cotovelo.
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segue a seta!!! |
Como eles não seguiram as setas, ouviram do morador local: você está perrrdido!!!
Isso mesmo... perrrdido!!! com 3 erres!!! Bom demais!!!
O almoço aconteceu na cidade de Borda da Mata, MG e em mais uma oportunidade, aconteceria intervenção na logística das máquinas - na pastilha do freio traseiro da bike do Samukinha.
Solta o freio Samukinha!!!
Ademais, em uma harmonia sem igual, o dia cedia espaço para a noite e assim, na cidade de Consolação - nos instalamos na Pousada Casarão, extremamente simples, todavia, aconchegante a ponto de nos proporcionar "banho, roupa lavada, pouso e alimentos". Simples assim!!!
3º dia - Consolação a Campos do Jordão
Se a altimetria acumulada no dia anterior - 2605 metros - já assustava, o que comentar sobre a empreitada do dia, com as duas subidas de Paraisópolis, a infinita Serra da Luminosa - a famosa quebra pernas - e a chegada a Campos do Jordão!!!
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não estava fácil para ninguém!!! |
E para aquilatar ainda mais o dia, densas nuvens se apresentavam ao longo do caminho.
E no meu caso específico, me empolguei com o terreno inicialmente plano e acabei passando da interseção que liga a Paraisópolis; sem outra alternativa, segui pelo asfalto até Paraisópolis, acrescendo 9 km no trajeto.
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sinalização tradicional Caminho da Fé |
Presta atenção nas setas amarelas Silvestre!!! você não presta!!!
Ao chegar a Paraisópolis, o grupo se dispersou, uns foram realizar um lanche na Padaria em frente a Igreja Matriz e outros foram ao Mercado Central para comprar iguarias e doces da região. Bom demais!!!
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créditos: Marcos D'Angelo |
Um pouco antes da pequena Luminosa, passamos pelo Distrito de Paraisópolis, conhecido como Canta Galo. Nestes locais, o amigo Marcos D'Angelo parou para alguns registros fotográficos das igrejas locais e por via de resultado, ficou um pouco para trás.
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créditos: Marcos D'Angelo |
A chuva chegou definitivamente quando iniciamos as subidas - preliminares a Serra de Luminosa. A estratégia de almoço na Pousada da Dona Inês não foi possível, e a grata alternativa, posteriormente demonstrada: um quiosque instalado em local plano, no seio da inesquecível Serra de Luminosa.
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A famosa!!! |
Aos poucos, os guerreiros foram vencendo o obstáculo e se acomodando naquele quiosque salvador; foi quando Mestre Samukinha, surgiu faceiro e com semblante de superação por haver vencido a Serra de Luminosa.
Coincidência ou destino, naquele momento ele atraía a atenção de todos os presentes e pela quarta ocasião compraria um terreno naquele majestoso gramado, com a platéia assistindo em tela 3D - diga-se: sem direito a replay.
O aspecto hilário do episódio: - Assim que levantou, embora constrangido com a falta de habilidade no domínio da magrela, proferiu impropérios aos expectadores da cena.
Sabe de nada inocente!!!
Um tanto quanto ciclista nutella foi o episódio envolvendo o Marcos D'Angelo que buscou abrigar-se da chuva em uma varanda de sítio; enquanto os demais guerreiros - ciclistas raiz - avançavam no terreno, providenciavam a suplementação alimentar, leia-se: almoço.
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Marcos D'Angelo |
Segundo uma das leis de Murphy: - se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.
Além da narrativa da varanda do sítio, o camarada nos informou que se atrasou ainda mais quando enxergou uma boiada que inspirava cuidados na estrada. Vai vendo!!!
Extremamente preocupado com o pupilo, Eduardo Rodrigues, o decano do grupo, resolveu retornar e averiguar o que poderia ter acontecido com o guerreiro. Bastaram poucos minutos para o ambiente serenizar e as anedotas correrem na boca miúda.
No resumo da ópera: o dano causado foi o atraso e o almoço tardio do guerreiro!!!
A rigor, dali em diante o grupo seguiu dividido e consequentemente os carros de apoio ficaram separados. A chuva apertava, o frio começava, a cidade de Campos de Jordão se aproximava e o Quelônio do Cerrado (eu) pedalava.
O registro do aplicativo Strava marcou 2.644 metros de altimetria acumulada no dia!!!
Quanto a logística de manutenção das magrelas, neste dia ocorreram dois furos de pneus, prontamente resolvidos pelos guerreiros Ricardo Portugal e Eduardo Rodrigues, ou seja, sob controle!!!
4º dia - Campos do Jordão ao Santuário Nacional de Aparecida
Em razão dos quatro terrenos comprados ao longo da jornada = tombos; Samuel Toledo convocou reunião para comunicar que não mais percorreria o trajeto pedrinhas, extremamente técnico, com 59 Km até o Santuário Nacional de Aparecida, considerando sua indisfarçável, inegável e absoluta inabilidade na MTB.
A alternativa possível para nosso estrategista, passar pelo asfalto da rodovia, somando 80 km até o destino final. Ademais, restou deliberado que os brutos seguiriam pedrinhas (Julio, Tião, Marcos e Eduardo); enquanto os pebinhas percorreriam o caminho da fé pela rodovia (Silvestre, Samukinha e Ricardo).
A formação de densas nuvens não permitiram registros fotográficos ao grupo dos brutos, entretanto, um acontecimento hilário foi presenciado pelos amigos, à medida que se aproximavam da imponente Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
O grupo dos brutos seguia com o Júlio - incansável locomotiva e puxador do pelotão - o decano e insuperável Dudu, o fotógrafo Marcos e o nobre amigo Tião - que se auto intitula ferrolho, encerrando o pelotão.
Ao realizarem uma curva, frente para a porteira da fazenda, repentinamente se depararam com a cena extremamente engraçada, aonde 6 cachorrinhos, em disparada, acompanhavam o veículo Ford Pampa, a velocidade era tão impressionante, a ponto de superarem, a performance final dos ciclistas, que convenhamos, naquela altura do campeonato, estavam exaustos com os 320 km do Caminho da Fé.
Para surpresa dos amigos, cinco dos cachorrinhos conseguiram seguir o veículo por uns bons quilômetros, ultrapassando todos os ciclistas. Incrível!!!
Subliminarmente, 17 minutos após as duas horas da tarde, o grupo dos pebinhas - Silvestre, Samuel e Ricardo - chegaram ao Santuário Nacional de Aparecida, após enfrentarem muita chuva e barro no trecho final, de terra.
Para o amigo leitor, que pacientemente chegou até esta altura do texto, deixo uma revelação: - até mesmo o Júlio César, a locomotiva humana, utilizou-se - em grau menor é óbvio - do subterfúgio de empurrar a bicicleta nas subidas inimagináveis, que chegaram aos absurdos 34,8% de inclinação - Serra de Luminosa!!!
Com a missão concluída e o Certificado de Peregrino em mãos, nosso grupo de amigos regressou ao Distrito Federal no dia seguinte, sexta-feira, 26 de outubro de 2018.
Forte abraço e nos vemos no caminho!!!
Seção Eu estava lá!!!
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carro de apoio |
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jantar em São João da Boa Vista |
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Mirante do Pico do Gavião |
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Serra da Mantiqueira |
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Eduardo Rodrigues |
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Ricardo Portugal |
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Sebastião Santos |
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Samuel Toledo |
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na subida do sabão!!! |
Boa noite guerreiros, foi um prazer ter participado dessa aventura, somente a fé pode nos levar a perigrinar por esses caminhos, que deus e nossa senhora abençoe a todos... muito obrigado
ResponderExcluirJúlio César motorista ( sao João da Boa Vista SP
ExcluirJúlio Cesar!!! Maravilha receber seu comentário em nosso espaço. Aproveito o ensejo para agradecer imensamente sua doação e do Amigo Bruno em prol de nosso grupo de teimosos!!! Forte abraço e nos vemos no caminho!!!
ExcluirSilvestre
Boa noite
ResponderExcluirLi cada palavra
É muito emocionante .....que Deus abençoe a cada um de vc
Que nossa senhora Aparecida proteja sempre vcs.....
Sou esposa do julicezar que foi com um dos carros de apoio ������
A doação e entusiasmo do Júlio César foram primordiais para cumprir a jornada. Penso que somamos outro amigo no curso de nossa caminhada. Que o bom Deus e Nossa Senhora lhes abençôe cada vez mais.
ExcluirQue texto emocionante. Da para sentir durante a leitura que cada momento foi inesquecível e único! Parabéns a todos os envolvidos e especialmente para a locomotiva humana (Julio Cesar) meu pai amado que tanto me inspira e me orgulha.
ResponderExcluirGrazielly Sousa
Grazielly Sousa!!! - Essa é a intenção de nossas resenhas: tentar transmitir a atmosfera que os teimosos guerreiros do Caminho da Fé passaram. A jornada tornou-se menos árdua à medida que a camaradagem e parceria entre os amigos aumentava. Embora tenha sido a primeira experiência da locomotiva humana, leia-se Júlio César, em nosso grupo... a convivência ficou fácil demais, uma vez que o amigo possui carisma sem igual. Parabéns!!!
ExcluirBom dia Mestre! Show de pedaladas, bateu aquela inveja mas no bom sentido, quiçá um dia eu possa fazer esse maravilhoso e fantástico pedal.
ExcluirProfessor Rogério Lourenço!!! Em verdade, essa jornada é a sua cara, recordo-me de alguns pedais que realizamos aí no Paraná: Guaíra x Umuarama x Guaíra; Guaíra x Rondon x Porto Mendes x Guaíra; Guaíra x Sabiazinho x Terra Roxa x Guaíra no ferrão... ou seja, diversão garantida. Bom demais!!! Forte abraço guerreiro!!!
ExcluirExcelente guerreiro, diz toda nossa aventura, foi uma experiência inesquecível, uma das melhores de minha vida, agradeço o convite de estar num grupo tão seleto, satisfação conhecê-los melhor, vamos firmes, sempre avante, Deus abençoe!
ResponderExcluirDe fato, inesquecível, deixou uma cicatriz na alma dos guerreiros!!!
ExcluirSilvestre o relato ficou maravilhoso!
ResponderExcluirEu confesso que senti muita tensão nas descidas kkkk em algumas eu virei passageiro na bike, totalmente desgovernado e entregue a sorte kkkk, mas sempre senti o companheirismo dos amigos, me incentivando, consertando o pneu da bike, me ensinando a limpar e limpando os pontos necessários da magrela, me esperando no caminho para tirar fotos, andando lado a lado para me fazer companhia, simplesmente está turma é nota 10!
Nossos motoristas/apoios foram verdadeiros anjos da guarda!
Meu muito obrigado a todos, foi uma aventura maravilhosa, que espero com mais treino poder repetir em uma época sem chuvas.
Aquele abraço,
Nobre amigo Samuel,
ExcluirA organização e estratégia desenhada pelo amigo foi primordial para o desenrolar da jornada, literalmente inesquecível.
Muito obrigado, forte abraço e nos vemos no caminho!!!
Silvestre