Em
passado recente, publiquei a síntese da peregrinação no Caminho da Fé,
encampada por sete amigos e dois colaboradores que conduziram os veículos e nos
apoiaram no decorrer da jornada.
Serra da Mantiqueira |
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No mês
de novembro de 2017 - eu, Samuel Luiz Toledo e Sebastião Pereira dos Santos,
percorremos o Caminho da Fé, com o apoio de Lucas Toledo, filho do Samuel, que
nos acompanhou durante todo o trajeto, de carro.
A rigor,
o Caminho da Fé é a opção de peregrinação para os católicos rumo ao Santuário
de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida do Norte, SP. O percurso foi
inaugurado em 2003, inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.
Em linhas gerais, o trajeto liga municípios de São Paulo a cidade de Aparecida
do Norte, tendo sua sede em Águas da Prata, SP.
A ideia
da peregrinação com bicicletas surgiu em nossa viagem de regresso a Brasília,
fato que me levou a comprar uma bicicleta já no mês seguinte: dezembro de 2017,
exclusivamente para iniciar os treinos, uma vez que pedalar, não fazia parte da
minha rotina de atividades físicas.
Caminho da Fé |
No
decorrer daquela viagem, ficou definido o período da nova peregrinação (22 a 25
de outubro); a quantidade de dias (4 dias); a inclusão da subida ao Pico do
Gavião (+ 8 Km no roteiro). Assim, além de respirar a atmosfera do Caminho da
Fé, permitiria aos participantes de primeira viagem, conhecer o ponto turístico
na divisa de São Paulo e Minas.
Após o
retorno da BR135, o próximo passo foi convidar amigos do mundo da corrida e que
têm o ciclismo como seu segundo esporte. O Samuel, como sempre, ficou
responsável por todo o planejamento estratégico e também pela convocação dos
peregrinos para a jornada. As 8 vagas foram logo preenchidas e tivemos fila de
espera para eventuais desistências.
Na
sequência, debatemos sobre a logística para deslocar atletas e equipamentos -
bicicletas - até Águas da Prata. Inicialmente, cogitamos alugar Van, todavia, a
hipótese de chuva em alguns trechos do caminho, indicavam que veículos 4 x 2
não passariam nos locais extremamente complicados - descidas e subida insanas.
Para o
transporte das bicicletas, pensamos estruturar uma carreta reboque, entretanto,
novamente a ideia não prosperou. Um pouco adiante, encontramos profissional que
desenvolve e constrói estruturas para o transporte de bicicletas.
Neste
sentido, buscamos conhecer e testar os equipamentos nas duas caminhonetes 4 x 4
que seriam utilizadas, considerando sobretudo: - 1) o peso das bicicletas; 2)
o deslocamento com mais de mil quilômetros de distância; 3) a velocidade que poderia ultrapassar os 120 quilômetros por
hora.
segurança para as bicicletas |
No dia
21 de outubro, às 5:30 da manhã, partimos com destino a Águas da Prata (SP). Na
minha caminhonete seguiram: eu, Marcos
Dangelo, Ricardo Portugal e Sebastião dos Santos, esse último, participante
da aventura do ano anterior. Às 6 horas, paramos num posto de gasolina na saída
sul da cidade para encontrarmos o grupo que iria no carro com o Samuel Toledo, que incluiria o Dionísio Silvestre, o Júlio Cesar e o Lucas
Toledo. Para nossa surpresa, o Lucas não estava presente. Talvez não
tivesse acordado depois de uma balada na noite anterior. Coisas da juventude.
Eduardo, Ricardo, Sebastião e Marcos |
Seguimos
direto à sede do Caminho da Fé para a retirada das credenciais de peregrinos,
uma espécie de passaporte que deve ser carimbado nas pousadas e hotéis ao longo
do caminho, demonstrando para a Secretaria do Santuário de Nossa Senhora
Aparecida que você percorreu o caminho. Assim, ao completar a jornada, será
emitido o certificado ao peregrino.
Preenchidos
os papéis e recebidas as credenciais, passamos no mercado, na própria Águas da
Prata, para a compra de itens para alimentação e hidratação. Em Seguida, nos
dirigimos à cidade vizinha, São João da Boa Vista, para nos alojarmos no Hotel
Mansão dos Nobres, onde normalmente nos hospedamos quando da nossa participação
na BR135. Saímos para jantar no restaurante Casarão, velho conhecido dos
corredores da BR.
Restaurante Casarão |
Águas da Prata |
O primeiro
objetivo era chegar ao Pico do Gavião, a cerca de 17 quilômetros. Nesse trecho,
saímos de uma altitude de 830 metros, em relação ao nível do mar, na cidade de
Águas da Prata, para 1663 metros no topo do pico. São mais 800 metros em apenas
17 quilômetros. Um grande desafio para um neófito no mundo do mountain bike. A
maior parte do percurso é de subidas, mas a coisa pega mesmo nos 600 metros finais.
Apenas o ciclista Júlio Cesar, com toda a sua experiência e montado na bicicleta
de fibra de carbono e com uma relação “top”, conseguiu subir esse trecho
pedalando. Mas tudo isso valeu a pena porque a vista lá de cima é deslumbrante,
maravilhosa.
Pico do Gavião é uma elevação
montanhosa localizada
na Serra
da Mantiqueira, na
divisa dos municípios de Andradas (MG) e Águas da Prata (SP). Considerado como um dos
melhores locais do mundo para a prática de voo livre, a vista a partir do
alto dos seus 1 663 m de altitude contempla várias cidades da região. Já
recebeu etapas de campeonatos nacionais e internacionais.
Os registros
fotográficos do grupo no Pico do Gavião foram feitos e o retorno ao Caminho da
Fé era anunciado: hora da descida até a base; retomando o trajeto para a cidade
de Andradas - cerca de 27 quilômetros. Embora já tenha passado naquela estrada
várias vezes, correndo, caminhando ou mesmo de carro, minha expectativa ou
ilusão era de que nesse trecho teríamos praticamente apenas descidas. Ocorre
que não é bem assim.
Pico do Gavião |
segue a seta!!! |
Ao concluir a descida as
pastilhas do freio traseiro da minha bike tinham virado pó. O barulho era de
ferro no ferro. Na cidade de Andradas paramos, nos reagrupamos e resolvemos,
almoçar até porque ainda faltavam mais de 40 quilômetros de estrada para vencer
a meta do dia, alertando que ainda havia dois grandes desafios à frente: 1) a Serra dos Limas; e 2) as
subidas da Barra que dão acesso a
cidade de Ouro Fino.
Após o almoço, fizemos a
travessia da cidade, seguindo as setas amarelas identificadoras do caminho,
seguimos por uma estrada de asfalto com aproximadamente quatro quilômetros e a
seguir, retornamos aos estradões de terra batida, numa região de cultivo de
uvas para a produção vinho, onde há vinícolas instaladas.
Em pouco tempo estávamos
iniciando a subida da Serra dos Limas - extensa e difícil. O que facilita um
pouco é que os últimos 1.200 metros da subida são asfaltados, para facilitar o
trânsito de carros na estação chuvosa.
A Vila da Barra encontra-se
seis quilômetros adiante, encravada num verdadeiro buraco, nas entranhas da Serra
da Mantiqueira. Por vezes, questiono como os moradores fazem para sair de lá na
época das chuvas. Para nós, as descidas pareciam intermináveis e com declives muito
acentuados, com muitas valas e o terreno argiloso - quando molhado: extremamente
escorregadio!!!
Eduardo Rodrigues |
A seguir, chegamos a Crisólia,
um dos principais distritos da cidade de Ouro Fino, estabelecida a seis
quilômetros da sede do município. No trevo de acesso a Ouro Fino, há um grande
pórtico em homenagem ao Menino da Porteira, cantado na música homônima, no
mundo da música sertaneja, parada obrigatória para os registros fotográficos.
Monumento Menino da Porteira |
Devidamente instalados,
conseguimos um excelente restaurante para o jantar. A seguir, cansados, fomos
dormir cedo para permitir um descanso adequado ao corpo.
Às 5:30 o café da manhã
foi servido, permitindo começar a jornada mais cedo do que o dia anterior,
considerando que teríamos três grandes serras para escalar, somando-se o
cansaço do dia anterior - resumo da ópera: - o dia prometia ser muito duro!!!
Em jornadas dessa
magnitude, de longa distância, seja a pé ou mesmo de bike, o primeiro dia é
crucial para a continuidade da aventura, até porque, por mais que se tenha
treinado, não há comparação com a realidade enfrentada da estrada.
nos vemos no caminho!!! |
segundo dia |
Marcos, Sebastião e Ricardo |
Os carros de apoio estavam na praça, aguardando o grupo para hidratação e continuidade da rota para a cidade de Tocos do Moji, 17 quilômetros à frente, outro trecho onde existem subidas muito difíceis e longas, com cerca de 3 quilômetros.
Quase pontos turísticos: a Porteira do Céu e o mato burro; |
Samuel, Ricardo e Julio |
Imediatamente, em razão
do horário, procuramos local para almoçar, encontrando-o na rua paralela ao
percurso oficial onde os peregrinos passam. Aguardamos a chegada do último
ciclista, que estava escoltado por uma das caminhonetes.
Naquele momento,
sentimos falta do Sebastião - que a exemplo
do meu acontecimento - também errou o caminho, foi avisado por morador da
região e retornou ao local do erro, ficando naturalmente para trás. Neste
intervalo, os demais integrantes estavam no interior do restaurante, na rua
paralela ao percurso oficial e fora da rota, o que o impossibilitou de nos avistar.
Na busca de solução para
o sensor de cadência do Garmin da minha Bike, esqueci meus óculos de sol
próprio para ciclistas em um dos bancos da praça. Paciência né!!!
Após a refeição, solicitamos
a um dos colaboradores, seguir de carro no sentido da cidade de Estiva, 22 km adiante,
até encontrar o Sebastião, fato concretizado no distrito de Fazenda Velha, cerca
de 9 quilômetros à frente. Quando chegamos ao vilarejo ele já havia almoçado
também.
Marcos e Julio |
Em Estiva, paramos numa
padaria ao lado da pousada de apoio aos peregrinos onde fizemos um lanche. Esse
reforço gastronômico era importante para fazermos o último trecho de vinte
quilômetros até Consolação, com o desafio mais assustador do dia, a Serra do
Caçador, com mais de três quilômetros de extensão, e subidas com percentual de
inclinação, em média, superior a dez por cento. Mais uma vez a maioria teve que
empurrar as magrelas na subida.
Concluída a Serra do
Caçador, chegar a Consolação ficou bem fácil porque a topografia, com bons
declives e trechos planos, ajuda bastante.
Quando chegamos à praça
da Igreja de Consolação, eu e o Júlio Cesar, por volta de dezessete horas, lá
já estava há um bom tempo o Silvestre, um cabrito nas descidas e muito forte
nas subidas. Ali ficamos aguardando a chegada do restante do grupo que não
tardou a se reunir.
Nos hospedamos na Pousada
Casarão, em frente à praça onde paramos. Embora simples, o serviço atende bem ao
peregrino que ali se hospeda. Nessa noite jantamos na própria pousada e nos
recolhemos cedo porque o dia seguinte seria o mais desafiador do caminho.
Terceiro dia do Caminho - Às 6 horas, a mesa do café estava posta.
A nossa saída rumo a Paraisópolis, a 21 quilômetros de distância, aconteceu às
7:12. O trecho não é dos mais difíceis. Nos primeiros quatro quilômetros temos
paralelepípedos e asfalto com descidas que permitem imprimir uma boa velocidade.
Serra da Mantiqueira |
O Marcos aproveitou que o
Mercado Municipal estava aberto para comprar doces e queijos da região. Em
seguida, rumamos para a Luminosa, a cerca de 25 quilômetros à frente.
Aparentemente seria um trecho tranquilo, mas enganoso porque as subidas chegaram
a cerca de 700 de variação positiva. No final, nos últimos três quilômetros, temos
uma descida fantástica, que nos leva a uma das vistas mais bonitas deste
Brasilzão que Deus nos deu. A cidadezinha de Luminosa, distrito de Brazópolis,
MG, divisa com Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, ambas em São Paulo.
Nossa passagem pela
cidade de Luminosa se deu um pouco antes do meio dia. Nesse ponto, observamos
uma mudança radical no tempo, com nuvens carregadas e armando chuva, coisa que
ainda não tínhamos enfrentado. Seguimos
em frente porque pretendíamos parar na Pousada de Dona Inês, cerca de quatro
quilômetros à frente, quando já havíamos subido cerca de dois quilômetros da
famosa Serra da Luminosa, com sete quilômetros de extensão.
ohhhhh dureza!!! |
A chuva ficou intensa,
nossa preocupação passou a ser os carros, pois havia trechos extremamente
complexos para passar, embora veículos equipados com transmissão 4x4. Após
longa e extenuante batalha, vai e volta eles conseguiram superar esse trecho
difícil, não sem as deslizadas e um encontrão com o barranco que resultou numa
pequena avaria na lataria do carro do Samuel.
Quando chegamos ao restaurante,
o Júlio Cesar, que sempre andava na frente, já havia realizado o pedido de almoço
para nove pessoas da nossa comitiva. Na verdade, éramos os únicos clientes do
restaurante naquele dia. A regra é clara: - sem movimento não se produz comida.
Neste aspecto, a moça
que nos atendeu fez o almoço para todos, partindo do zero. Antes, entretanto, nos
preparou entradas com queijo/requeijão fabricado lá na própria fazenda, que era
um manjar delicioso.
Enquanto aguardávamos a
preparação do almoço, os companheiros foram chegando, menos o Marcos. A última
vez que o avistamos, na entrada de Luminosa, quando parou para fazer fotos das
Igrejas locais.
Com frio e chuva
aproveitamos para tomar uma boa cachacinha mineira - eu, Tião e Ricardo.
Passado um bom tempo, foi servido o almoço e o Marcos não aparecia. Almoçamos e
o Marcos não aparecia. Cogitamos arranjar pessoa com uma moto apropriada para
descer a serra à procura dele, entretanto, não havia moto disponível com essas
características. Estávamos receosos de voltar com os carros porque corria o
risco de acidente, foi então que tomei a decisão de voltar com um motorista até
onde o carro desse conta de ir sem risco. De lá eu desceria correndo até a
cidade para tentar localizá-lo.
Assim fizemos. Saímos, e
para a nossa sorte, a menos de 500 metros de distância o avistamos empurrando a
sua bike. Então ele nos relatou que, ao iniciar a chuva, procurou abrigo numa
casa à beira da estrada. Bateu palmas e um senhor de idade o atendeu e, como um
bom mineiro, desconfiado, não deu conversa. Ele insistiu no pedido e teve um
aceno positivo e ele ficou abrigado numa varandinha da casa. A chuva foi
afinando e o senhor apareceu à porta e o Marcos voltou a cumprimentá-lo e perguntou
se podia continuar ali se abrigando da chuva. Aí o mineirinho falou que a chuva
já havia “amainado” num sinal claro que a presença dele ali não era bem vista.
e a chuva chegou |
Em acertada decisão, um
dos carros permaneceu para apoiá-lo e aos demais integrantes que subiam a serra
de forma mais lenta. Um pouco mais à frente, seguimos: Júlio, Silvestre (dois
monstros na bike), Tião e eu.
Concluída a subida da Luminosa,
seguimos cerca de três quilômetros ainda por estrada de terra até alcançar o asfalto
que leva a Campos do Jordão; a seguir, nove quilômetros nessa rodovia asfaltada,
no distrito de Paulista, voltamos às estradas de terra, faltando ainda 17 km
para chegarmos a Campos do Jordão.
A chuva continuava firme
e por via de consequência, no trecho de terra, além da chuva, havia lama,
estrada escorregadia, subidas difíceis que não nos permitia acelerar. Um pouco
depois das 17 horas entramos na cidade e antes das 17:30 horas chegamos ao
hotel, molhados, sujos e com frio.
No hotel, conseguimos local
para guardar as bikes, com direito a um banho de mangueira para retirar o excesso
de lama das magrelas. Ali ficamos monitorando o restante do grupo por meio do
telefone do motorista que o acompanhava. Cerca de meia hora depois, todos
chegaram em paz.
A estada em Campos do
Jordão não pôde ser melhor aproveitada porque a chuva não deu trégua. Mesmo
assim, o grupo saiu para jantar e tomar chocolate quente. Antes, porém, todos
tomaram os caldos ofertados pelo hotel. Uma delícia.
O Caminho da Fé, quando
se chega a Campos do Jordão, se bifurca e permite ao peregrino escolher entre a
rota de Pedrinhas ou a rota que passa por Pindamonhangaba. No nosso
planejamento, estava prevista a rota por Pedrinhas, a mesma que fizemos no ano anterior.
Por Pedrinhas o Caminho é
mais curto em cerca de 20 quilômetros, entretanto, é um trajeto extremamente
técnico e perigoso para quem ainda não se sente seguro no mundo das Bikes MTB.
O Samuel, nosso líder, idealizador
e estrategista da nossa aventura, convocou uma reunião para comunicar que faria
o restante do caminho por Pindamonhangaba. E ele tinhas boas razões para essa
decisão. Já conhecia o caminho e sabia dos riscos inerentes. Além disso, ela já
tinha tido o dissabor de sofrer quatro quedas desde a nossa saída de Águas da
Prata. Na sua comunicação, ele deixou os integrantes do grupo livres para escolher
a rota a seguir. Como estávamos com dois carros, decidimos que um carro
desceria por Pindamonhangaba e o outro por Pedrinhas. Ricardo, Samuel e
Silvestre seguiriam por Pindamonhangaba, e eu, Júlio Cesar, Marcos e Sebastião
tomaríamos a rota de Pedrinhas.
Quarto dia do Caminho - A nosso pedido, o café da manhã foi servido
pouco mais cedo do que de costume; permitindo o reinício do pedal por volta de
7h40m. Nos primeiros 10 quilômetros pedalamos por uma pista asfaltada que,
embora sem acostamento, tinha pouco trânsito de carros. Além disso, a topografia
era favorável e nos permitiu imprimir um bom ritmo na velocidade.
Campos do Jordão |
densas nuvens no horizonte |
A parte mais difícil da descida
tem talvez um pouco mais do que 12 quilômetros, quando chegamos a um trecho
asfaltado. Esse é um local predileto para meninos de todas as idades brincarem.
Estrada sem movimento, asfalto bom, curvas fechadas e descida com declive
acentuado. Acionar um pouquinho os freios, antes de entrar nas curvas e deixar a
força da gravidade funcionar a seu favor era o que se precisava. Terminado o descidão,
fiz uma coisa que costumo ver nas provas de ciclismo. Andar na roda do ciclista
da frente, aproveitando o vácuo. Fiz tanto na bike do Marcos como na do Júlio,
meus gregários (ciclistas que estão na prova para ajudar os campeões a ganharem
as corridas). Foi uma experiência incrível porque o que vai na roda é poupado
do grande esforço para manter o ritmo, a velocidade. Show de bola.
Não demorou muito e
estávamos a menos de dez quilômetros do Santuário. Nesse trecho, aconteceu uma
coisa engraçada. Nós vínhamos numa estrada de terra e chegamos a uma bifurcação
em T. Reduzi a velocidade porque vinha uma caminhonete
tipo Saveiro com duas pessoas na cabine e uma carga de pedra, tipo lajota para
piso. Seguindo o carro vinha uma matilha de 5 cachorros, sendo 4 filhotes e uma
fêmea adulta que parecia ser a mãe da turminha. Ao mesmo tempo em que corriam,
uns ficavam encrencando com os outros e voltavam na carreira para acompanhar o
carro. Era um terreno plano e o carro e os cachorros foram embora nos deixando
para trás.
Uns cinco quilômetros
antes do Santuário paramos para almoçar e pudemos jogar uma água nas bikes para
retirar a lama e a areia de suas engrenagens.
Pouco depois das 13
horas e trinta minutos, do dia 25 de outubro de 2018, nosso grupo chegou ao
Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Fizemos fotos, visitamos a imagem de
Nossa Senhora Aparecida, acompanhados de nossas companheiras, montamos as
Bicicletas no Rack da caminhonete e fomos pegar o certificado de peregrino, na
Secretaria do Santuário.
Com os certificados em mãos,
fomos aguardar a chegada dos companheiros que desceram por Pindamonhangaba. A
essa altura, já vínhamos monitorando o deslocamento do grupo, por meio de
contato com o Júlio, motorista que os acompanhava. Por volta das 14 horas e 17
minutos eles apontaram no estacionamento da Basílica.
Santuário Nacional de Aparecida do Norte |
Após as fotos com o
grupo e a retirada dos certificados, seguimos para o hotel Rainha do Brasil, e
retornamos ao Santuário para a missa das 18 horas. À Noite, jantamos, e no dia seguinte
fizemos a viagem de volta, tendo chegado em casa por volta das 23 horas, depois
de deixar, em suas respectivas casas, os companheiros de viagem.
Uma coisa importante que
se observa no Caminho da Fé é a presença de peregrinos em todos os trechos em que
passamos. Às vezes o peregrino está sozinho, às vezes em dupla e muitas vezes
estão em grupo. A sensação que se tem é de muita tranquilidade no caminho. A
exemplo do ano anterior, encontramos também ciclistas fazendo o caminho, alguns
solitários, outros em grupos como o nosso.
Caminho da Fé |
Eduardo Rodrigues
Nobre amigo Eduardo Rodrigues,
ResponderExcluirSomente um apaixonado pelo Caminho da Fé conseguiria desenhar uma resenha repleta de detalhes, pontuando cada acontecido como se neste momento ocorresse. Parabéns pelo entusiasmo e paixão com que se dedica às aventuras e suas narrativas.
Obrigado pela oportunidade em compartilhar a jornada, forte abraço e nos vemos no caminho!!!
Caro amigo Silvestre, obrigado pelas palavras, mas o relato ficou assim graças à sua ajuda na revisão, sempre precisa e oportuna.
ResponderExcluirMuito obrigado meu caro.
Excelente narrativa guerreiro Dudu, revi todos os momentos que tão guardados no meu HD, uma das melhores aventura que participei inesquecível, és um grande guerreiro, exemplo de atleta e vejo que também domina a caneta, parabéns, vamos firmes insistir sempre!
ResponderExcluirCaro senhor Eduardo,vulgo " Dudu" , grande prazer em participar dessa incrível aventura, movidos pela fé em Nossa Senhora Aparecida , espero ter contribuído com meu trabalho que fiz com muito carinho, na verdade adquiri 7 novos amigos , pessoas maravilhosas,que Deus abençoe a todos... Estou sempre a disposição...ab abra a todos
ResponderExcluirJúlio César (São João da Boa Vista)
ExcluirCaro Eduardo
ResponderExcluirPara um leigo, como eu, fico impressionado com a força de vontade de vocês, é preciso muita disciplina, determinação e fé.
Acredito que para pessoas como vocês basta determinar um objetivo e pronto, está atingido.
Parabéns a você e todos os andarilhos que participaram.
Grande abraço
Joel Lucas - Rio de Janeiro
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