sábado, 27 de outubro de 2018

No caminho da fé, o chão foi o limite...

No caminho da fé, o chão foi o limite para o Samukinha!!!

Melhor explicar!!! - Em meados do mês de junho, Samukinha aventou a possibilidade de oito amigos percorrerem o Caminho da Fé de bicicleta, pedalando entre a cidade de Águas da Prata e o Santuário Nacional de Aparecida.

Ocorreu que: Samuel Toledo, nosso estrategista e idealizador da jornada, comprou quatro terrenos em quatro dias, ou seja, considerando os 320 Km pedalados na Serra da Mantiqueira, temos a média de um tombo para cada 80 Km.

Inicialmente, a ideia surgiu no final de 2017, quando Eduardo Rodrigues, decano da Equipe Bsb Parque, Samuel Toledo e Sebastião Santos percorreram o Caminho da Fé, os dois primeiros caminhando e o derradeiro no giro do pedal.

Na ocasião, durante a viagem de regresso a Brasília - DF, eles avistaram na estrada grupos de ciclistas que se dirigiam ao Santuário Nacional de Aparecida e imediatamente cogitaram convidar outros abnegados guerreiros para a peregrinação.
Praça Basílio Ceschin
No planejamento inicial, ficou acertado que a jornada se daria entre os dias 22 a 25 de outubro de 2018, média de 80 Km diários, acompanhados de dois carros de apoio, transportando nossas bagagens, suprimentos de hidratação e guloseimas - bom demais!!! 

A adesão foi imediata, de tal sorte que não foi suficiente para outros amigos interessados. Quem sabe na próxima edição, a delegação de teimosos fique maior!!!

Na última hora, ficamos desfalcados da presença do Lucas Toledo, filho do Samukinha, que alegou motivos de força maior - não acordou no horário combinado e assim não compareceu ao local de partida.

Na boca miúda, comenta-se que o guerreiro fugiu da raia ou tenha sido obra da "divina providência"... vai saber!!!

Quanto aos tombos, a exceção de um preocupante capote na descida perto da cidade de Tocos do Moji, nada de grave aconteceu ao guerreiro, sobrando aqui e ali, pequenos arranhões e hematomas.
capote superado!!!

No domingo, dia 21 de outubro de 2018, por volta de 06:00 horas, iniciamos a viagem entre Brasília - DF e São João da Boa Vista - SP, clima favorável, velocidade de segurança na estrada, uma vez que havia quatro e três bicicletas instaladas nos suportes dos veículos de apoio.

Ademais, ao anoitecer daquele dia, após 900 Km de estrada, chegamos a São João da Boa Vista, SP e nos instalamos no Hotel Mansão dos Nobres, jantamos e a seguir... descanso para enfrentar o dia seguinte de pedal, iniciando na cidade vizinha: Águas da Prata, berço do Caminho da Fé.

1º dia: Águas da Prata a Ouro Fino


No dia seguinte, às 08:22 h - 22 de outubro de 2018, segunda-feira - partindo da Praça Basílio Ceschin em Águas da Prata, SP, iniciamos a jornada de quatro dias pedalando pelas estradas vicinais que cruzam a Serra da Mantiqueira - Eduardo Rodrigues, Samuel Toledo, Sebastião Santos, Dionisio Silvestre, Ricardo Portugal, Marcos D'Angelo e Julio César.
A hora chegou!!!

Absortos e silenciosos enfrentamos os 2 km iniciais com absoluta cautela para superar a primeira subida. Foram necessários cerca de 15 minutos para se chegar ao final do morro. Era nítido, no semblante dos amigos que a missão seria árdua por extremo, porém gratificante e renovadora.

À guisa de ilustração, diga-se hilária, e utilizando-se do linguajar próprio dos ciclistas: relato que giramos absolutamente nada para utilizar "vovozinha e vovozona" - ou seja, em tão pouco espaço foi necessário usar a menor coroa e a maior catraca, demonstrando assim, que elas seriam nossas inseparáveis companheiras - 24 x 36 (Samuel); 26 x 36 (Eduardo); 34 x 50 (Julio); 34 x 46 (Silvestre); 26 x 36 (Ricardo); 26 x 36 (Marcos) e 26 x 36 (Tião).

Embora a subida ao ponto mais alto do Pico do Gavião, 1680 metros, não faça parte do Caminho da Fé, concordamos passar pelo local para registro fotográfico.

Pico do Gavião
Registro concretizado, efetuamos a descida com extrema cautela e a seguir, partimos para a cidade de Andradas. Um pouco antes da longa descida ao município mineiro, encontramos peregrinos ao longo do caminho. Hora do registro!!!
peregrinos no caminho!!!
O dia avançava, calorias eram consumidas e os guerreiros tornavam-se famintos - nada melhor que saborear aquele tradicional "bife de boi".

Alegando não estarem com fome suficiente, Samuel Toledo, Ricardo Portugal e Marcos D'Angelo seguiram pedalando, enquanto os demais ciclistas e motoristas dos carros de apoio almoçaram - Bruno e Júlio.
Equipe de apoio: Júlio e Bruno
Em Serra dos Lima, o sol judiava e a subida, diga-se insana, maltratava ainda mais. Salvo melhor juízo, o fotógrafo Marcos D'Angelo e a locomotiva Júlio Cesar conseguiram zerar a Serra dos Lima, o primeiro com a relação 26 x 36 e o outro, com a relação 34 x 50 - cabras brutos!!!

Ironicamente, os demais pebinhas, contentaram-se em caminhar empurrando suas bicicletas ladeira acima. Ohhh dureza!!!

A seguir, surgia uma descida salvadora e renovadora de energias #SQN para o amigo Samukinha, que comprou o primeiro terreno quando esqueceu da máxima: "após uma descida, sempre haverá uma subida".

Sonoras gargalhadas aqui até 2052!!! - O infeliz desceu em desabalada carreira e displicentemente, esqueceu de acionar vovozinha e vovozona para enfrentar aquele top traiçoeiro!!!

Resumo da ópera: não conseguiu girar o pedivela pois estava com uma relação muito pesada, tão pouco conseguiu se livrar dos "clips".

Olha lá o corpo estendido no chão!!! Run Bóra levantar e sacudir a poeira!!!

No curso do primeiro dia, superamos a subida do sabão, passamos na cidade de Barra e  de Crisólia. Aos poucos a primeira tarefa estava sendo concluída, sem maiores percalços.
imediações de Ouro Fino
As cenas e o cotidiano daquele local começavam a fazer parte do roteiro!!!

Na logística de manutenção das magrelas, no primeiro dia foi necessário efetuar a troca de duas câmaras de ar da bicicleta do Samuel Toledo, bem assim, das pastilhas do freio traseiro da bicicleta do amigo Eduardo Rodrigues.

Foram 2.255 metros de altimetria positiva ao longo do percurso!!!

2º dia: Ouro Fino a Consolação


Após uma bela e revigorante noite de sono na Pousada Don Paolo, Ouro Fino - MG, reiniciamos a empreitada às 06:39 h, clima super agradável, horizonte azul.

Em pouco tempo, a cidade de Inconfidentes seria alcançada e nos 35 Km iniciais, o terreno estava favorável, sem maiores esforços aos ciclistas peregrinos.
só o ouro!!!
A partir de então, cenários deslumbrantes e uma sucessão de ingratas subidas e descidas aconteceriam: Borda da Mata, Tocos do Moji, Estiva e Consolação.
nos vemos no caminho!!!
Uma dica importante e não observada pelos amigos Eduardo Rodrigues e Sebastião Santos: redobrem a atenção na sinalização do Caminho da Fé quando se aproximarem de Borda da Mata, pois há uma descida em linha reta e a seta amarela determina virar a direita numa curva cotovelo.
segue a seta!!!
Como eles não seguiram as setas, ouviram do morador local: você está perrrdido!!! 

Isso mesmo... perrrdido!!! com 3 erres!!! Bom demais!!!

O almoço aconteceu na cidade de Borda da Mata, MG e em mais uma oportunidade, aconteceria intervenção na logística das máquinas - na pastilha do freio traseiro da bike do Samukinha.

Solta o freio Samukinha!!!

Ademais, em uma harmonia sem igual, o dia cedia espaço para a noite e assim, na cidade de Consolação - nos instalamos na Pousada Casarão, extremamente simples, todavia, aconchegante a ponto de nos proporcionar "banho, roupa lavada, pouso e alimentos". Simples assim!!!

3º dia - Consolação a Campos do Jordão


Se a altimetria acumulada no dia anterior - 2605 metros - já assustava, o que comentar sobre a empreitada do dia, com as duas subidas de Paraisópolis, a infinita Serra da Luminosa - a famosa quebra pernas - e a chegada a Campos do Jordão!!!
não estava fácil para ninguém!!!
E para aquilatar ainda mais o dia, densas nuvens se apresentavam ao longo do caminho. 

E no meu caso específico, me empolguei com o terreno inicialmente plano e acabei passando da interseção que liga a Paraisópolis; sem outra alternativa, segui pelo asfalto até Paraisópolis, acrescendo 9 km no trajeto.
sinalização tradicional
Caminho da Fé
Presta atenção nas setas amarelas Silvestre!!! você não presta!!!

Ao chegar a Paraisópolis, o grupo se dispersou, uns foram realizar um lanche na Padaria em frente a Igreja Matriz e outros foram ao Mercado Central para comprar iguarias e doces da região. Bom demais!!!
créditos: Marcos D'Angelo

Um pouco antes da pequena Luminosa, passamos pelo Distrito de Paraisópolis, conhecido como Canta Galo. Nestes locais, o amigo Marcos D'Angelo parou para alguns registros fotográficos das igrejas locais e por via de resultado, ficou um pouco para trás.
créditos: Marcos D'Angelo

A chuva chegou definitivamente quando iniciamos as subidas - preliminares a Serra de Luminosa. A estratégia de almoço na Pousada da Dona Inês não foi possível, e a grata alternativa, posteriormente demonstrada: um quiosque instalado em local plano, no seio da inesquecível Serra de Luminosa.
A famosa!!!
Aos poucos, os guerreiros foram vencendo o obstáculo e se acomodando naquele quiosque salvador; foi quando Mestre Samukinha, surgiu faceiro e com semblante de superação por haver vencido a Serra de Luminosa.

Coincidência ou destino, naquele momento ele atraía a atenção de todos os presentes e pela quarta ocasião compraria um terreno naquele majestoso gramado, com a platéia assistindo em tela 3D - diga-se: sem direito a replay.

O aspecto hilário do episódio: - Assim que levantou, embora constrangido com a falta de habilidade no domínio da magrela, proferiu impropérios aos expectadores da cena.

Sabe de nada inocente!!!

Um tanto quanto ciclista nutella foi o episódio envolvendo o Marcos D'Angelo que buscou abrigar-se da chuva em uma varanda de sítio; enquanto os demais guerreiros - ciclistas raiz - avançavam no terreno, providenciavam a suplementação alimentar, leia-se: almoço.
Marcos D'Angelo
Segundo uma das leis de Murphy: - se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.

Além da narrativa da varanda do sítio, o camarada nos informou que se atrasou ainda mais quando enxergou uma boiada que inspirava cuidados na estrada. Vai vendo!!!

Extremamente preocupado com o pupilo, Eduardo Rodrigues, o decano do grupo, resolveu retornar e averiguar o que poderia ter acontecido com o guerreiro. Bastaram poucos minutos para o ambiente serenizar e as anedotas correrem na boca miúda.

No resumo da ópera: o dano causado foi o atraso e o almoço tardio do guerreiro!!!

A rigor, dali em diante o grupo seguiu dividido e consequentemente os carros de apoio ficaram separados. A chuva apertava, o frio começava, a cidade de Campos de Jordão se aproximava e o Quelônio do Cerrado (eu) pedalava.

O registro do aplicativo Strava marcou 2.644 metros de altimetria acumulada no dia!!!

Quanto a logística de manutenção das magrelas, neste dia ocorreram dois furos de pneus, prontamente resolvidos pelos guerreiros Ricardo Portugal e Eduardo Rodrigues, ou seja, sob controle!!!

4º dia - Campos do Jordão ao Santuário Nacional de Aparecida


Em razão dos quatro terrenos comprados ao longo da jornada = tombos; Samuel Toledo convocou reunião para comunicar que não mais percorreria o trajeto pedrinhas, extremamente técnico, com 59 Km até o Santuário Nacional de Aparecida, considerando sua indisfarçável, inegável  e absoluta inabilidade na MTB.

A alternativa possível para nosso estrategista, passar pelo asfalto da rodovia, somando 80 km até o destino final. Ademais, restou deliberado que os brutos seguiriam pedrinhas (Julio, Tião, Marcos e Eduardo); enquanto os pebinhas percorreriam o caminho da fé pela rodovia (Silvestre, Samukinha e Ricardo).

A formação de densas nuvens não permitiram registros fotográficos ao grupo dos brutos, entretanto, um acontecimento hilário foi presenciado pelos amigos, à medida que se aproximavam da imponente Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

O grupo dos brutos seguia com o Júlio - incansável locomotiva e puxador do pelotão - o decano e insuperável Dudu, o fotógrafo Marcos e o nobre amigo Tião - que se auto intitula ferrolho, encerrando o pelotão.

Ao realizarem uma curva, frente para a porteira da fazenda, repentinamente se depararam com a cena extremamente engraçada, aonde 6 cachorrinhos, em disparada, acompanhavam o veículo Ford Pampa, a velocidade era tão impressionante, a ponto de superarem, a performance final dos ciclistas, que convenhamos, naquela altura do campeonato, estavam exaustos com os 320 km do Caminho da Fé.

Para surpresa dos amigos, cinco dos cachorrinhos conseguiram seguir o veículo por uns bons quilômetros, ultrapassando todos os ciclistas. Incrível!!!

Subliminarmente, 17 minutos após as duas horas da tarde, o grupo dos pebinhas - Silvestre, Samuel e Ricardo - chegaram ao Santuário Nacional de Aparecida, após enfrentarem muita chuva e barro no trecho final, de terra.

Para o amigo leitor, que pacientemente chegou até esta altura do texto, deixo uma revelação: - até mesmo o Júlio César, a locomotiva humana, utilizou-se - em grau menor é óbvio - do subterfúgio de empurrar a bicicleta nas subidas inimagináveis, que chegaram aos absurdos 34,8% de inclinação - Serra de Luminosa!!! 

Com a missão concluída e o Certificado de Peregrino em mãos, nosso grupo de amigos regressou ao Distrito Federal no dia seguinte, sexta-feira, 26 de outubro de 2018.

Forte abraço e nos vemos no caminho!!!

Seção Eu estava lá!!!

carro de apoio
jantar em São João da Boa Vista
Mirante do Pico do Gavião
Serra da Mantiqueira
Eduardo Rodrigues

Ricardo Portugal

Sebastião Santos

Samuel Toledo

na subida do sabão!!!

menino da porteira!!!

mural dos grupos

Marcos D'Angelo

Eduardo Rodrigues

Ricardo Portugal

Samuel Toledo na Porteira do Céu!!!

Samuel Toledo

Marcos D'Angelo

Santuário Nacional de Aparecida

hora do regresso!!!
A padroeira!!!
Consolação

Amantikir - Campos do Jordão

Amantikir e Casa na Árvore

Restaurante Colméia

Restaurante Colméia

Santuário Nacional de Aparecida

Marcos D'Angelo na Porteira do Céu!!!

Marcos D'Angelo

nos vemos no caminho!!!

a locomotiva em ação!!!