Quando o espaço "Correr é Pura Paixão" foi criado, almejava relatar experiências de corrida, momentos de alegria e as lições recebidas de abnegados corredores. Por incrível que pareça, a primeira postagem ou quem sabe o meu primeiro passo, não versou a respeito de relato de corrida ou treino.
Na contramão das demais resenhas, reproduzi pensamento de Madre Teresa de Calcutá, que denominei: "Momentos de Reflexão" - que realça a importância da luta, da convicção, da força, dos novos desafios, da saudade, das fotografias amareladas e por via oblíqua de resultado, do respeito aos nossos limites individuais.
Passo a passo, na proporção do surgimento de novos amigos, as resenhas se multiplicaram e a cada oportunidade, um novo protagonista surgia. É evidente que resguardado o grau de amizade, alguns personagens tornaram-se figurinhas carimbadas, em primeiro plano por representarem exemplos de disciplina, dedicação, superação e entusiasmo.
Hoje, para ilustrar e dar o devido contexto à uma inusitada aventura, separei imagens, anedotas e fatos curiosos, ocorridos durante uma longa caminhada, realizada por amigos entre Brasília e Pirenópolis - na distância de 145 km.
Nesta mesma linha de ação, para aquilatar a saga dos abnegados atletas; com a devida anuência, repaginei dois relatos, que versam sobre a experiência de dois dos guerreiros que aceitaram participar da longa caminhada.
Percurso Brasília x Pirenópolis |
Pois bem, na postagem passada, comentei que o projeto da longa caminhada - que a princípio ocorreria sem carro de apoio ou equipe de suporte - surgiu da genialidade ou quem sabe, da insanidade do Samuel Toledo, quando convidou vários amigos para a grande jornada.
Ao todo, cinco amigos foram voluntários para enfrentar o desafio. O momento do pé na estrada, deu-se às 19:19 horas, do dia 20.02.2015, sexta-feira, ou seja, no exato dia em que eu completei mais uma volta da terra em torno do rei sol.
Na logística de comunicação, o aplicativo "WhatsApp Messenger" foi o recurso encontrado para: 1) proporcionar maior segurança aos participantes; 2) tranquilizar e manter familiares e amigos conectados aos passos dos atletas; 3) antever-se à eventuais emergências, relacionadas a integridade física dos malucos.
Alegando estar ali para prestigiar o início da caminhada, o decano da Equipe Bsb Parque - Eduardo Rodrigues, compareceu para abrilhantar a festa. Ocorre que, nos bastidores, comenta-se que o camarada é entusiasta de São Tomé, aquele que vê para crer.
Alegando estar ali para prestigiar o início da caminhada, o decano da Equipe Bsb Parque - Eduardo Rodrigues, compareceu para abrilhantar a festa. Ocorre que, nos bastidores, comenta-se que o camarada é entusiasta de São Tomé, aquele que vê para crer.
Às 20:30 horas, o grupo encontrava-se em Vicente Pires, na pista de ligação entre a EPTG e a EPCL, no caminho da Cidade Estrutural. Naquele instante, pipocou a boa notícia que um carro de apoio os acompanhava, sendo conduzido pelo Oscar, filho do Vanderval. A estratégia inicial era percorrer entre 5 e 6 km por hora.
O silêncio da torcida organizada durou pouco, às 22:53, a ansiedade começava:
Viviane: - Alguma notícia?
O silêncio da torcida organizada durou pouco, às 22:53, a ansiedade começava:
Viviane: - Alguma notícia?
Eduardo: - Ninguém postou nada até agora. Falei com o Bomfim e eles estão no Setor "O". Está tudo sob controle.
A foto abaixo, foi capturada durante uma das paradas estratégicas do grupo; na imagem, percebe-se a preocupação com a segurança, caracterizado com a utilização de coletes refletivos, sem esquecer de mencionar os telefones celulares para acalmar aqueles que os acompanhavam no aconchego de seus lares.
Ainda assim, no meio da torcida organizada, haviam os que tinham dúvidas se a equipe de apoio os acompanharia até o final da empreitada. Percebendo a necessidade de manter o bom nível de informações, Eduardo Rodrigues, solicitou que as notícias fossem enviadas à cada nova parada estratégica.
Trato feito!!! - Às 03:15 da matina, sob o ritmo de 11 minutos e 10 segundos para cada km, o guerreiro Ari informou que haviam ultrapassado a barreira dos 43 Km, ou seja, distância superior à maratona.
Quando acordei para preparar o café da manhã, às 06:52 minutos de sábado, pipocou outra notícia, desta feita, vinda do pragmático Samuel: - Tudo bem!!! - 57,8 km.
Foi quando o cachorro do Ari apareceu. O língua portuguesa complicada. É melhor eu esclarecer: o pequeno "au au" da foto, de cor negra, ao perceber 3 marmanjos deitados e com as pernas para cima, se aproximou para conferir se tudo estava tranquilo, chegando a lamber a careca do nosso amigo Ari. Esta cena hilária eu pagaria para ver!!!
Às 10:29 do dia 21.02.2015, sábado, Samuel Toledo anexou imagem, indicando que o grupo estava na cidade de Edilândia, com 75 km percorridos, sob o ritmo de 12 minutos e 07 segundos para cada km, ou seja, um pouco mais da metade do caminho.
Um pouco mais à frente, diga-se, na hora do que em tese, seria o almoço, às 12:05, outra imagem pipocava na tela do "smartphone", acrescida da legenda: - 84 Km, pace 12:05.
Samuel, Marcelo e Oscar |
Embora o clima ameaçasse com nuvens negras, o sol continuava com todo o seu esplendor.
A barreira dos 101 km foi superada por volta das 15:13 h de sábado. Em menos de duas horas a partir daquele ponto, o grupo alcançaria a cidade de Cocalzinho, onde começaria a batalha contra as "bolhas rebeldes". Penso que é melhor deixar este episódio para ser contado por nossos protagonistas!!!
Às 18:55 h, o grupo alcançou o cenário do Salto do Corumbá, porém, as notícias davam conta que Ari e Marcelo estavam com bolhas nos pés. Um péssimo sinal!!!
Ao passo em que o dia cedia espaço para a noite, pipocavam mensagens truncadas, sobre o trecho entre Corumbá e Pirenópolis, deixando a torcida organizada extremamente agitada, como diria o poeta: "com os nervos à flor da pele". Foram momentos de muita aflição até que às 22:45 h, a voz da experiência esclareceu:
Eduardo: - Pessoal, não há motivo para pânico. O Vanderval parou a caminhada porque ele havia combinado caminhar por 24 h. Quanto aos demais, seguem a jornada até Piri.
O perigo apontado no trecho entre Corumbá e Pirinópolis é porque a estrada não tem acostamento. Por outro lado, à noite, o movimento de carros é menor. Logo eles completam a jornada.
************************
Um pouco antes da meia noite, o que foi dito, foi feito. Às 23:57 h, notícias davam conta do encerramento da epopeia dos guerreiros em terras goianas, ou seja, Pirenópolis tinha sido conquistada, após 144,2 km e 29 horas, 34 minutos e 37 segundos.
Eduardo: - Pessoal, não há motivo para pânico. O Vanderval parou a caminhada porque ele havia combinado caminhar por 24 h. Quanto aos demais, seguem a jornada até Piri.
O perigo apontado no trecho entre Corumbá e Pirinópolis é porque a estrada não tem acostamento. Por outro lado, à noite, o movimento de carros é menor. Logo eles completam a jornada.
************************
Um pouco antes da meia noite, o que foi dito, foi feito. Às 23:57 h, notícias davam conta do encerramento da epopeia dos guerreiros em terras goianas, ou seja, Pirenópolis tinha sido conquistada, após 144,2 km e 29 horas, 34 minutos e 37 segundos.
O resultado prático: - o telefone celular não parava de emitir alertas de mensagens, congratulando os atletas e informando aos quatro ventos, que todos estavam bem, apesar da extenuante batalha travada com as bolhas, com o cansaço, com as câimbras e assaduras.
Antes de você prosseguir na leitura dos relatos individuais do Ari e Marcelo, vou reproduzir o que escrevi na ocasião:
Silvestre: - Amigos Ari, Bomfim, Casado e Vanderval,
Essa aventura é apenas a ponta do iceberg que a insanidade e genialidade do Samuel nos reserva até a próxima BR 135+. Até lá, janeiro de 2016, outros insanos vão se juntar ao grupo que farão a Ultramaratona das Montanhas em grupo, caminhando e se divertindo na Serra da Mantiqueira.
Guardem o que ora escrevo e mais à frente, me falem a respeito. Parabéns a todos (apoio, caminhantes e torcida organizada).
*********************************
Para concluir a edição, para os que gostam de conferir os dados estatísticos, ritmo médio e ganho de elevação, deixo o link do Garmin Connect - Brasília x Pirenópolis.
Silvestre: - Amigos Ari, Bomfim, Casado e Vanderval,
Essa aventura é apenas a ponta do iceberg que a insanidade e genialidade do Samuel nos reserva até a próxima BR 135+. Até lá, janeiro de 2016, outros insanos vão se juntar ao grupo que farão a Ultramaratona das Montanhas em grupo, caminhando e se divertindo na Serra da Mantiqueira.
*********************************
Para concluir a edição, para os que gostam de conferir os dados estatísticos, ritmo médio e ganho de elevação, deixo o link do Garmin Connect - Brasília x Pirenópolis.
Ultra abraço,
Dionísio Silvestre
Brincadeiras à parte, ao chegarmos ao posto de combustível que fica no trevo de acesso à cidade de Cocalzinho, fui correndo (no sentido figurado) para buscar uma farmácia, para avaliar o estado de meus pés e assim, garantir definitivamente a distância superior a 100 km de uma única vez.
Dionísio Silvestre
***********************************
Relato do Ariosvaldo
Nunes: - Considero
que experimentei uma amostra grátis do que é, de fato, uma ultramaratona.
Compreendi que participar deste tipo de prova é coisa para poucos, pois, não
basta ter vontade, força, preparo, poder de superação. A meu juízo de valor,
não há outra explicação sobre o que realmente motiva uma pessoa a ser
ultramaratonista, a não ser o desejo e a obsessão em superar seus próprios
limites.
No início da
aventura, eu tinha a meta de chegar a Pirenópolis e de certa forma, ao longo de
boa parte do percurso, eu estava confiante, sem câimbras - mal que me persegue
em corridas longas - não havia náuseas, o sono estava controlado; bem assim,
não sentia outros males que afetam os corredores, entretanto, a partir do km
75, as bolhas nos pés passaram a me torturar e por via de resultado me fizeram
perder preciosos minutos.
Embalado
pela boa prosa, caminhei lado a lado com o Bomfim, que entre uma piada e outra,
tentava me animar, dando-me força para superar meus limites. O fato curioso é
que a todo instante, quase como um mantra, ele proferia os mandamentos do ogro,
ao qual destaco: - “para entrar para o clube dos ogros tem que percorrer
distância maior que 100 km” - por inúmeras vezes frisou: - "lembre-se mais
de 100 km".
Quanto a dor
que vinha das bolhas nos pés, ironicamente, ele comentou que a dor não tira
ogro de corrida, que bolha foi feita para pisar. Esta era a maneira singela e o
nível de apoio que os veteranos propiciavam aos novatos para manter a altivez
do grupo.
Brincadeiras à parte, ao chegarmos ao posto de combustível que fica no trevo de acesso à cidade de Cocalzinho, fui correndo (no sentido figurado) para buscar uma farmácia, para avaliar o estado de meus pés e assim, garantir definitivamente a distância superior a 100 km de uma única vez.
Nas farmácias
disponíveis, não encontrei alguém disposto a examinar meus pés, no que passei a
cogitar: - “vou ter que parar”. Eis que, como um passe de mágica, surge meu
"mui" amigo Samuel Toledo, a quem pedi para examinar os meus pés. Sem
muitas cerimônias, o maluco examinou, pegou uma faca, palitos e esparadrapo,
furou aqui, espremeu ali, apertou de lá, secou, colou esparadrapo no local
afetado, enfim, fez um verdadeiro serviço de borracharia. Só de imaginar a
cena, sinto meus batimentos cardíacos aumentarem significativamente.
Ocorreu que,
em virtude dos curativos que o amigo realizou - em duas oportunidades - ganhei
sobrevida, ainda mais que o Bomfim, já havia dito que eu tinha garantido acesso
ao seleto Clube dos Ogros.
A partir da
cidade de Cocalzinho - Km 105, senti a falta daquela conversa marota do Bomfim,
uma vez que o guerreiro havia se distanciado do grupo. Com os pés remendados por
esparadrapo, segui até o Salto Corumbá, onde os curativos foram substituídos. A
todo instante, lembrei-me das palavras: - "dor não tira corredor de
corrida". Curativos substituídos, seguimos adiante, eu, Marcelo e Samuel.
É incrível,
mas havia momentos em que a dor diminuía quase por completo e outros em que ela
- a dor - retornava insuportável, todavia, seguíamos em frente. Um pouco antes
da cidade de Corumbá, o amigo Marcelo foi acometido de câimbras terríveis e
teve que ser resgatado pelo carro de apoio do SAMU (EL), que naquela altura do
campeonato, era conduzido pelo Lucas. Não havendo tempo para lamentações - eu e
Samuel - seguíamos adiante - shosholoza.
Ao tempo em
que acompanhava a distância que nos separava do Bomfim, alternava maus e
péssimos momentos. Quando chegamos próximo dos 130 km, solicitei ao Lucas que
medisse a distância exata que nos separava da cidade de Pirenópolis. Ao
retornar, Lucas informou que faltavam tão somente 11 km.
Estava
disposto a chegar à cidade, todavia, pensei: para que? Só para dizer que não
desisti, o que vou ganhar? Outra coleção de bolhas? - Imaginei que não valeria
a pena prolongar minha tortura, deixar meus amigos me aguardando por mais de
duas horas, ficar "impedindo" o desempenho da caminhada do amigo
Samuel, que estava determinado e confiante para superar os últimos km e só
permanecia ao meu lado, por solidariedade.
Neste
cenário difuso, encerrei minha participação quando completei 133 km,
imediatamente, Samuel passou da caminhada para a corrida, ritmo abaixo de 6
min/km, na intenção de alcançar o incansável Bomfim, para chegarem juntos à
cidade de Pirenópolis.
De toda a
sorte, penso que foi uma experiência incrível; que no futuro, propiciará a
todos nós, lembranças inesquecíveis de "uma prova única de
superação".
Para
encerrar o relato, deixo agradecimento especial ao Vanderval, a quem chamo de
Vendaval, e a seu filho Oscar. O apoio que os dois nos deram foi fantástico, só
quem conhece o ambiente de ultramaratonas pode avaliar o quanto eles foram
fundamentais para nosso resultado. Muito obrigado Oscar e Vendaval. Vocês foram
nossos anjos.
Aqui me
despeço, imaginando o próximo desafio que o Samuel irá propor. Forte abraço a
todos,
Ariosvaldo
Nunes
***********************************
Relato do Marcello
Alves: - Quando
aceitei o convite, confesso que não tinha a noção exata da encrenca que
enfrentaríamos. No dia a dia, quando comentava com os amigos, tratava o assunto
de forma natural, digamos: superficial - porém, na sexta-feira, um pouco antes
de nossa partida, o medo e o desespero bateram à porta da consciência, pois
jamais havia concluído algo acima de 42 km.
Quando
iniciamos o percurso, nosso grupo foi conversando naturalmente, na chegada ao
Setor “O” lembrei das palavras do Fernandes, que eu não chegaria lá, contudo já
tinha uma ideia da loucura.
Logo mais à
frente, assim que chegamos à cidade de Águas Lindas, realizamos uma parada
estratégica. O sono chegou avassalador, comentei com o Bomfim e Samuel sobre o
que estava acontecendo e, com muita naturalidade, eles disseram que o sono
fazia parte do pacote e eu, precisava engana-lo – simples assim.
Nossa
caminhada continuava, quando ao ultrapassar o km 43, recordei-me: -
"pronto, oficialmente rompi os 42 km". Quando saímos em direção ao
Girassol, fiquei com muito sono e foi desgastante demais, mas o Samuel e o
Bomfim davam apoio.
O que já era
ruim, se tornaria ainda mais desgastante quando as bolhas começaram a aparecer
no meu pé direito. Como um filme macabro, lembro-me do Samuel operando milagres
em meus pés, furando as bolhas, apertando-as, drenando e remendando o local com
esparadrapo, literalmente, as bolhas foram um capítulo à parte.
Enquanto
escrevo estas poucas linhas, vejo a cena do amigo Bomfim falando a respeito da
distância superior a 100 km, entretanto, faltando 7 km para alcançarmos
Edilândia, sentia-me fraço, com frio e pasmem, sob um sol de rachar.
Sem a exata
noção do que eu estava sentindo, Bomfim enalteceu a minha superação, porém,
questionou-me sobre avaliar se o quadro era só mal passageiro ou se, de fato,
havia algo a se preocupar.
Assim que
paramos no km 75 – no momento em que busquei me hidratar e alimentar, tive uma
reação de repulsa, quando então, vomitei muito, e pude perceber no rosto do
Oscar (equipe de apoio) que eu não me encontrava bem. Naquele instante, fiquei
emocionado e falei: - "para mim não dá mais"; o Samuel e o Bomfim
falaram dos 100km, mas, entenderam minha decisão.
Muito triste
e decepcionado, entrei no carro de apoio; não conseguia parar de tremer de frio
e as náuseas retornavam com mais intensidade; por alguns instantes, adormeci e
logo acordei mais disposto, me alimentei - agora sem as temidas repulsas -
tomei um remédio para dores e após 17 km depois da desistência retornei a
caminhar.
Penso que
aquela cena contagiou o restante do grupo, ou seja, eu estava de volta ao jogo
e o melhor de tudo, caminhando muito bem. Era nítida a alegria dos companheiros
ao me verem caminhar novamente. Sem sombra de dúvidas, andava com passadas
firmes.
Ao chegarmos
ao trevo de Cocalzinho, Bomfim me parabenizou falando que é raro um novato
fazer o que estava fazendo - creio eu que era para manter-me motivado. Ao
encontrar Ari e o Samuel, aproveitei a ocasião para cuidar novamente dos pés -
não há como esquecer aquela cena medieval.
Assim que
chegamos no Salto do Corumbá, enquanto Samuel tratava das mazelas do Ari,
adormeci o sono dos justos; foram 15 minutos, diga-se, os melhores 15 minutos
de sono da vida. Ao levantar, continuei caminhando com determinação, ao ponto
de ouvir do Ari que estava parecendo elite.
Não demorou
muito para o imponderável acontecer - as câimbras chegaram furtivamente - e com
elas os gritos de dor. A cidade de Corumbá era o palco de fundo da novela.
Apesar da ajuda dos amigos Samuel e Ari, eu não conseguia dar mais do que 5
passos sem que minha perna esquerda fosse acometida de contrações descomunais.
Senti que
aquele momento era o derradeiro instante; não havendo outra alternativa, Samuel
me pediu para sentar e aguardar o Lucas vir me resgatar; não me dava por
vencido, dava 5 passos e tinha novas câimbras, alongava, dava mais 5 passos e
elas voltavam.
Sem ter a
noção exata do meu dilema, Lucas me encontrou, parou o veículo no acostamento,
um pouco à minha frente, todavia, para meu total desespero, eu sequer conseguia
continuar caminhando e concluir aqueles poucos passos em direção ao carro. No
interior do veículo, permanecer sentado era uma temeridade, gritava de dor com
os espasmos musculares.
No resumo da
ópera, no km 125 - ao tempo em que pedi desculpas aos integrantes do grupo,
abandonei a empreitada, em caráter definitivo, porém, eu havia conquistado a
meta de romper a barreira dos 100 km.
Obrigado a
todos pelas mensagens de incentivo, obrigado ao Oscar e Lucas pelo suporte
durante o desafio, ao Vanderval pela disciplina; ao Samuel, Ari e Bomfim pela
maravilhosa oportunidade e apoio incondicional. Até a próxima!!!(?)
Marcello
Alves
Grande Silvestre,
ResponderExcluirObrigado por editar o relato desta aventura, foi maravilhoso participar.
Os amigos Ari e Marcelo foram os destaques, demonstrando força, coragem, determinação e superação.
Nossas caminhadas tem por objetivo a amizade e o condicionamento para futuros desafios.
A presença do mestre Bomfim que é nossa grande referencia sempre enriquece o desafio.
Quero deixar registrado meus parabéns pelo seu aniversário e votos de felicidades, saúde, paz, realizações e sucesso.
Aquele abraço,
Samuel Toledo
Samuel,
ExcluirA cada oportunidade em que vocês lançam-se aos novos desafios, recebo meu presente predileto, o de reconstruir, por intermédio das palavras, os passos dos guerreiros, desenhando o quadro cada vez mais rebuscado, a atmosfera envolvida, a sinergia dos amigos, ou seja, a rigor, termino por me divertir e emocionar durante a montagem e edição dos textos.
Forte abraço e muito obrigado pelas palavras de incentivo.
Silvestre
Grande Silvestre!
ResponderExcluirLembra que comentamos que um dia chegaria a oportunidade de escrever uma resenha sobre algum feito que eu estivesse presente? Esse momento chegou! Não imaginava que seria algo assim.
Realmente foi algo "maluco" aceitar o convite mas estou feliz por ter feito parte dessa empreitada.
Quero agradecer a todos Ari, Bomfim, Venderval, Samuel e aos anjos da guarda Oscar e Lucas.
Quanto ao episodio do cachorro lambendo a careca do Ari, só de lembrar dou gargalhadas. Ou quando em Cocalzinho o SAMUel fazendo uma cirurgia nas nossas bolhas e um rapaz na mesa ao lado com cara de espanto e nojo. hehehe
Abraços e muito obrigado. Felicidades.
Salve Marcello,
ExcluirPois é guerreiro, o grande e tão sonhado dia chegou, diga-se, em grande estilo. Acompanhei a saga de vocês durante a longa caminhada.
Enquanto editava o teu relato, percebi o tamanho da sua angustia, no sentido de tentar progredir e ser impedido pelos mecanismos de defesa do corpo.
Parabéns pela superação e entusiasmo demonstrado ao longo do desafio. Forte abraço,
Silvestre
Silvestre,
ResponderExcluirParabéns pelo relato. Você tem o dom de escrever e conseguiu sintetizar em belas palavras 144 km e mais de 29 horas de caminhada.
Desde São João da Boa Vista, quando fiquei conhecendo você melhor, passei a admirá-lo ainda mais, sobretudo sabendo da sua história de superação.
Parabéns também por manter esse blog, um cantinho para os corredores se manifestarem.
Você, como ultramaratonista master, tem noção do que eu e o Marcelo passamos. Vocês, ultras contumazes, são super humanos.
Com relação à caminhada para Pirenópolis, eu e o Marcelo tivemos uma experiência inesquecível, agradeço primeiramente a meu amigo Samuel, um grande incentivador e a quem deve muitas alegrias (e bolhas), ao Mestre Bomfim, que injetou em todos moral e estímulo durante a caminhada, ao Marcelo, grande guerreiro, que superou dificuldades e dores bizarras, ao Vanderval e Oscar, que foram grandes apoiadores.
Não poderia deixar de agradecer também a todos que duvidaram de mim e do Marcelo, que torceram contra, que apostaram que iríamos parar após poucos quilômetros e que ficaram decepcionados com o nosso resultado. Esses foram os meus maiores incentivadores e nos momentos de mais dor me lembrava deles a todo instante. Muito obrigado "secadores".
É isso, Silvestre.
Forte abraço e muitos e muitos quilômetros de corridas. Nos encontramos em trotes desses.
Ari
Ari,
ExcluirNão pergunte-nos do que somos capazes, dê-nos a missão.
Quanto à síntese da saga dos amigos, digo que a minha parcela de contribuição, foi no sentido de tão somente repaginar o texto, acrescendo temperos à uma aventura de "ogros".
De toda a sorte, acrescentei um ponto e virgula aqui, aspas de lá, as reticências ficaram pelo caminho, quem sabe o travessão, para separar as emoções, tal qual uma partida de futebol.
Vida que segue parceiro!!!
Silvestre
Dizem nos livros: "que para correr basta uma vontade na cabeça e um par de tênis nos pés". concordo com isso. Mas o que leva cinco indivíduos comuns a se aventurarem em um deslocamento ininterrupto por 144 quilômetros? Para mim a rotina aborrece, a ideia de ver o tempo me levando para o fim me deixa inquieto e me empurra para a luta a procura de algo diferente e desafiador. Concordo quando dizem que a vida é uma luta, e sempre será uma luta, e nunca devamos desistir de lutar. Acho que os cinco homens, e tive o prazer de ser um deles, nos fez lembrar na sexta feira e durante as 29 horas deste desafio, que como seres humanos, nossa obrigação é de lutar e lutar e confirmar que nossos limites somos nós que determinamos.
ResponderExcluirAs dificuldades pelas quais eu passei e dores que senti nos últimos quilômetros, encheram meu coração de alegria e me deu uma sensação de dever cumprido quando cheguei naquele pórtico lá em Pirenópolis. As cãibras, bolhas e mal estar do Marcelo, tenho certeza se transformaram em júbilo e ele jamais esquecerá dessa jornada, e o esforço e determinação do Arí que igual ao Marcelo nunca tinha ultrapassado a barreira dos 42 km, nos momentos difíceis, sempre procurava uma maneira de sair daquela situação difícil e prosseguir, isso é o que forja um OGRO no sentido exato da palavra. E o Samuel, esse é um Ogro já com alta quilometragem e nunca deixa ninguém para traz, foi espetacular o tratamento dispensado aos companheiros quando houve necessidade. Parabéns!!
O Samuca não é um completo e master ogro, porque ainda usa tesoura ou artefato para cortar as unhas do pé, e o ogro master bate a ponta do dedão na parede até a unha ficar pequena ou cair.
O vendaval, digo Vanderval é o mestre das caminhadas, se deixar não para nunca e não se cansa. Parabéns. Quanto ao Oscar, caiu do céu, muito tranquilo e prestativo, foi a nossa salvação para vencermos essa luta parcial em nossas vidas. Obrigado.
O Lucas chegou quando todos estávamos detonados e foi de grande ajuda com sua objetividade. Obrigado também.
Quanto a você Grande parceiro Silvestre, te agradeço pelo registro nesse blog que já é um excelente veículo para registramos nossos desafios, lutas e conquistas. Valeu!
Mestre Bomfim,
ExcluirCerta feita, pelos idos de 1985 - recebi o ensaio: "Mensagem a Garcia", escrito em fevereiro de 1899, por "Elbert Hubbard". Na ocasião, me encontrava em ambiente de capacitação e percebi que três eram os propósitos: 1) instigar o hábito da leitura; 2) cultivar o poder de síntese, frente à uma gama de informações; e por derivação 3) fomentar a conduta profissional dos alunos (proativa), enquanto homens de fibra.
Aquele episódio foi o divisor de águas em minha profissão, pois a todo instante, nos momentos mais difíceis, recordava-me da essência do processo ensino aprendizagem, o que me fortalecia para enfrentar e buscar as soluções possíveis.
Embora o texto remonte à mais de um século e uma década, é fato que mantém-se atualizado.
No mesmo modelo acadêmico, nossa tão amada "corrida", requer guerreiros capazes de entregar uma "Mensagem a Garcia". Assim, imagino que os mestres Bomfim e Samuel, conseguiram dois novos discípulos para a missão: Marcello e Ari.
Quanto ao "Correr é Pura Paixão", tenho o desejo de torná-lo, um "álbum de fotografias repaginado", onde além das imagens, possamos inserir nossas aventuras renovadoras, nossas histórias e estórias e quem sabe, cooptar novos guerreiros da geração movida a energia solar.
Forte abraço e nos vemos no caminho,
Dionísio Silvestre
Boa tarde! Gostaria de enviar um conteúdo para possível publicação em seu blog. É de um site relacionado a corrida. Posso mandar para algum email?
ResponderExcluirAbraços!
Cássio,
ExcluirSinta-se à vontade para encaminhar conteúdo para possível publicação no "Correr é Pura Paixão" - o espaço destinado aos guerreiros da geração movida a energia solar.
Forte abraço,