terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Sabiá que voa com João de Barro, amanhece servente de pedreiro!!!

Um dia vou aprender a não cair nas ciladas do amigo Samuel Toledo!!!
Após minha oitava Comrades Marathon, no dia 09 de junho de 2019, na África do Sul, a convite do amigo Samuka, corremos em dupla, os 100 Km do Desafio do Frio - Garanhuns x Caruaru, no dia 04 de agosto do ano passado.

Na sequência, embalado pelos treinos, fui lá em Florianópolis, na companhia da "alma gêmea guerreira - Marileusa Ferreira" para correr no dia 25 de agosto de 2019, os tradicionais 42 Km da Maratona de Floripa e os 21 Km da Meia Maratona.
O passaporte para a 95ª Comrades Marathon estava carimbado com o tempo de 3 horas e 29 minutos - Gate "C".

Hora de zerar o setup, diminuir os treinos de corrida, ajustar os treinos de bike para o final de ano e aguardar a divulgação da lista Team Unogwaja Challenge 2020, um sonho de longa data.
Não me recordo a data, sei que o anúncio do Unogwaja estava prestes a sair, quando recebi o convite do Samuel Toledo para enfrentar em quarteto os insanos 217 Km da BR 135 - edição 2020.

O amigo da onça, ele mesmo!!! me apresentou o nome dos demais que aceitaram o convite: Marcos e Tião, duas feras e parceiros de outras jornadas de corrida. Bom demais!!!
Samuel, Silvestre, Tião e Marcos
De início, comentei que no mês de janeiro não estaria com treinamento adequado para enfrentar os 33 Km iniciais (obrigatórios para a equipe) e depois os trechos alternados que somaram + 39 Km, resultando em 72 Km, subindo e descendo morros na Serra da Mantiqueira.

Até aqui, você não viu nada, não imagina o que tínhamos pelo Caminho da Fé - então, vou contar!!!

Na largada da prova, como praxe, hora de rever amigos conquistados a custa de muito suor, incontáveis fotos, semblantes preocupados, rostos alegres, olhares no infinito, garrafas de água nas mãos, ajustes nas armaduras de guerreiras e guerreiros.

Estávamos novamente na Ultramaratona das Montanhas!!!
largada BR 135 - 2020
As 10 horas da manhã do dia 16 de janeiro de 2020, a largada foi realizada e uma verdadeira procissão de carros e pessoas era vista na estrada velha, em direção a Serra do Deus me livre!!!
Estrada Velha
Só de ouvir o nome da serra já fico apreensivo, o negócio é pesado para quem faz quarteto, imagine para os amigos de Brasília e Goiânia:

Eduardo Rodrigues - Solo 136 Km em 23h 29min;
Eduardo Rodrigues
Vanderval Roza - Solo 217 Km em 56h 36min;
Vanderval Roza
Wilson Bomfim - Solo 217 Km em 56h 43min;
Wilson Bomfim
Jorge Coentro - Solo 217 Km em 35h 07min.
Jorge Coentro
Só gente bruta!!! Vai vendo!!!

No resumo da ópera, sofremos para concluir os 33 Km iniciais, asfalto, terra, trilha, sol forte - todavia, nosso carro de apoio estava pronto para nos auxiliar nos aspectos de hidratação, suplementação e algumas guloseimas. Bom demais!!!
carro de apoio
Na cidade de Águas da Prata, nossa primeira parada para alimentação - você come o que é possível para se manter firme, ademais, no decorrer do caminho, vai se virando com algumas iguarias e bebidas do carro de apoio.
A estratégia do Quarteto BSB PARQUE: cada integrante correria 2 Km e descansaria os 6 Km seguintes.

Passamos pela cidade de Andradas - Samuel degustou um delicioso hambúrguer; Marcos e Tião se programaram para o macarrão da Dona Natalina; no meu caso era banana, melão, paçoca, água, gatorade, soro de hidratação, pão integral com queijo, presunto e salame - oloko!!!
hora do lanche!!!
Nuvens assustadoras nos aguardava na subida da Serra dos Lima e não demorou muito para enxergarmos raios no meio da Serra da Mantiqueira, pouco mais a frente, uma chuva cabulosa obrigou o carro de apoio a seguir pelo desvio, evitando a Subida do Sabão, ponto de tormento para os desavisados.

Em medida de cautela, o carro de apoio seguiu pelo percurso alternativo, entretanto, nos perdemos e a tarefa de retornar ao Caminho da Fé rendeu uma volta enorme de mais de 40 Km. O sofrimento!!!

O monumento ao Menino da Porteira, em Ouro Fino, foi nosso ponto de referência e dali, voltamos no percurso para substituir o amigo Marcos, próximo a entrada da cidade de Crisólia - 15 Km de corrida para o guerreiro!!! Eita cabra bom!!!

A noite avançava, nosso rodízio de atletas seguia bem ajustado, as ruas da cidade de Inconfidentes estavam vazias - naquele local lembrei-me do DNF na única oportunidade que tentei a BR 135 na Categoria Solo, pois foi ali que abortei a missão!!! Quero lembrar mais disso não!!!

Borda da Mata se aproximava - nada diferente acontecia em nosso trajeto, os integrantes do Quarteto BSB PARQUE, corriam os 2 Km e descansavam os 6 Km seguintes. Na praça da cidade, frente a Igreja Matriz, ficamos sabendo que havia em nossa frente: um Quarteto, com 3 horas de vantagem; uma dupla com uma hora de vantagem e um gigante... repito: gigante Leonardo Sant Anna da categoria solo, também com uma hora a frente.

Penso que a notícia da vantagem de 3 horas daquele outro quarteto nos retirou a ousadia e o entusiasmo, pois dali em diante, alternamos corrida e caminhada, o que não vinha acontecendo antes.

A noite cedeu espaço para o dia quando passamos por Tocos do Moji - nada diferente acontecia a não ser a Subida da Porteira do Céu, eita lasquera!!!

Na cidade de Estiva, cometemos erro imperdoável na estratégia: nós quatro, resolvemos tomar café da manhã na padaria que fica ao lado da Pousada Poka, o atendimento demorou bastante e um dos carros de apoio do quarteto que vinha atrás - GRAE Team, chegou na praça da cidade.

Sem sombra de dúvidas, aquela informação foi substancial para a equipe adversária, que no final da Serra do Caçador nos alcançou e desencadeou disputa frenética pela segunda colocação.

A disputa ficou acirrada, ninguém queria ficar para trás - era tiro, porrada e bomba!!!

Se me perguntarem como foi nossa passagem pela cidade de Consolação, vou responder: não me lembro!!!

Confesso que fiquei surpreso de ver os 8 atletas - 4 de cada equipe GRAE Team e BSB PARQUE- correndo com aquela intensidade após 180 Km de revezamento.

Por vezes, registramos ritmos na casa de 4 minutos/Km, independente do terreno, se subida, plano ou descida.

A sorte estava lançada e nenhuma das duas equipes queria ficar para trás!!!
Samuel Toledo
Eis que o Capitão da BSB PARQUE  me solta a seguinte pérola: - agora vai ser na base dos tiros!!!

Nós três - Tião, Marcos e Silvestre, ponderamos que não seria possível e que corríamos o risco de ficar travados no final da prova.

Os argumentos não foram suficientes para demovê-lo da insanidade dos tiros e assim foi - tei, tei, tei!!! só pipoko!!!

E não é que o infeliz acertou!!! - Na passada louca do Samukinha, fomos abrindo vantagem e num passe de mágica, chegamos a Praça da Igreja Matriz de Paraisópolis.
Quarteto BSB PARQUE - 2ª colocação - 27h 28min
Simplesmente inacreditável o poder da ADRENALINA!!! Missão concluída em 27h 28min!!!

Não tenho adjetivos para mensurar aquela Maratona entre Estiva e Paraisópolis, juro!!!
Tiao, Eduardo, Samuel, Marcos - Silvestre e Bomfim
Os amigos que seguiam na categoria solo - Eduardo Rodrigues, Jorge Coentro, Vanderval Roza e Wilson Bomfim, gradativamente foram superando suas provas com muita fibra e determinação. Parabéns guerreiros!!!

Quanto ao título da resenha: é a mais pura verdade!!!

Forte abraço e nos vemos no caminho!!!

Dionisio Silvestre

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