Um tanto quanto diferente das resenhas até aqui publicadas, a postagem de hoje reproduz o inteiro teor da mensagem eletrônica que recentemente encaminhei ao Comandante Mário Lacerda, idealizador e organizador da BR 135+.
É evidente que minha opinião nostálgica e saudosista, não corresponde a avaliação de todos, entretanto, em face dos problemas ocorridos na edição de 2015, foi a maneira que encontrei para tentar contribuir e somar esforços na reconstrução da essência da ultramaratona das montanhas.
Por certo, há atletas que adoraram a Serra da Luminosa, especialmente, os adeptos da máxima "quanto mais difícil, melhor". Aqui, rendo minhas homenagens a esses insanos guerreiros.
Vai fazer o que né!!! gosto é gosto.
Por certo, há atletas que adoraram a Serra da Luminosa, especialmente, os adeptos da máxima "quanto mais difícil, melhor". Aqui, rendo minhas homenagens a esses insanos guerreiros.
Vai fazer o que né!!! gosto é gosto.
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Comandante Mário Lacerda,
Ao tempo em que cumprimento-o, venho expor considerações acerca de vosso e-mail, o qual, diga-se, me apressei em ler, para tomar conhecimento das alvissareiras notícias da nossa amada BR 135, hoje BR 135+.
Só para contextualizar, não pretendo tecer considerações ou repisar nos problemas ocorridos ao longo da jornada de 2015, pois a meu juízo de valor, em nada contribuirá para o aprimoramento da ultramaratona das montanhas.
Em meados do mês de março, logo após a prova deste ano, em conjunto com os amigos de Brasília, a citar: Samuel Toledo, Wilson Bomfim, Eduardo Rodrigues, Sebastião Santos, Marcelo Alves e Ariosvaldo Nunes, rascunhamos projeto coletivo, com a intenção de participar da BR 135+, todos na modalidade solo, utilizando no máximo 2 veículos de apoio.
O fato é que ao final da leitura do e-mail e do novo regulamento, percebi que: caso o projeto não siga adiante, será extremamente difícil congregar ou reunir atletas para participar da prova nas modalidades do revezamento, considerando sobretudo, a pequena diferença na distância a ser percorrida, ou seja, muito próxima da modalidade solo.
Ontem, domingo, 26.07.2015, após um treino "mequetrefe" de 16 km e após nova leitura ao e-mail e ao regulamento, decidi por fim à minha aflição e por via de resultado, decidi que não participaria da prova, entretanto, hoje, movido por uma força que não sei explicar corretamente, comecei a redigir o presente e-mail, não para demovê-lo das decisões e do modelo metamórfico.
Na contramão, venho tão somente expor um sentimento nostálgico e saudosista, que tenho pelo antigo circuito de 217 km, a famosa BR 135, onde atletas, pangarés e quelônios, largavam na praça da cidade de São João da Boa Vista - SP, às 08:00 horas da manhã, percorriam estradas de um Brasil quase invisível e paulatinamente, cruzavam a linha de chegada, um a um, onde suas conquistas eram festejadas ao lado da igreja matriz, da singela, porém, emblemática Paraisópolis - MG.
Embora meu currículo na BR 135 - seja um tanto quanto insipiente, qual seja: a) 2013 - equipe de apoio; b) 2014 - dupla; c) 2015 - quarteto; é óbvio que não sou a pessoa mais indicada para tecer tais considerações, entretanto, foram nestas três oportunidades em que pude:
1) emprestar uma caixa de ferramenta para auxiliar no conserto de outro carro de apoio, à noitinha;
2) em plena madrugada, com o auxílio de 2 cabos solteiros, retirar outro carro de apoio do atoleiro;
3) utilizando-me do inglês de sobrevivência, apoiar atleta norte americana, que no finalzinho da jornada, desentendeu-se com a sua equipe de apoio oficial (ainda hoje, dou boas gargalhas daquele destempero!!!);
4) me emocionar e sentir na pele, o drama de atleta que a princípio padecia de dores e sintomas de rabdomiólise;
5) conhecer uma gama de abnegados atletas, que de corpo e alma lançam-se ao desafio de concluir a Ultramaratona das Montanhas;
6) ser reconhecido no ano seguinte, no pré race meeting, como a pessoa que os ajudou no momento de tanta aflição;
7) sentir aquela sensação de que sou capaz e que posso alçar voos maiores;
8) permanecer uma tarde, parte da noite ou minutos da madrugada, sentado nas escadarias da igreja, em Paraisópolis, as vezes, saboreando um sorvete (igual moleque), aguardando os amigos que estavam próximos de eternizar suas façanhas na BR 135;
9) me indignar com "o fantasma do pedal" (não confunda com pedaladas fiscais) que de fato existe, assusta a todos que amam o esporte, mas que porém, só é visto por uma minoria e por sua característica velada, é extremamente difícil de ser comprovado.
São por estas razões, que não consigo esquecer aqueles 217 km, pelo qual, tanto idolatro o trajeto São João da Boa Vista x Paraisópolis.
Em verdade, posso ilustrar minha experiência na prova, com a famosa frase: "eu era feliz e não sabia".
Quanto ao Caldeirão da Marina, não posso concordar com a plenitude de vossas palavras, pois muitos foram os ultramaratonistas que após participar da prova na modalidade de revezamento; conseguiram a façanha de concluir a BR 135 na categoria Solo.
Alguns nomes que me recordo: Wilson Bomfim, Rodrigo Souza, Ornaldo Fernandes, Samuel Toledo, Rosimeire Assis, Jorge Coentro.
Plagiando Rachel de Queiroz, no texto: "A arte de ser avó".
- "São amores novos profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis (no caso concreto a BR 135). E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono abre o olho e diz: "Vó!, seu coração estala de felicidade, como pão no forno!"
São estas singelas particularidades que meu coração estala de felicidade, como pão no forno, pela BR 135 (sem o símbolo +).
Imagine agora Comandante, o sentimento daqueles veteranos da prova!!!
Semelhante à essência do texto: "Uma mensagem a Garcia" - interpreto que a missiva em organizar a prova é por demais complexa, entretanto, quem sabe o modelo metamórfico (usei suas palavras) nos conduza a uma prova única, na distância de 217 km para todos, sem (+) delongas.
Penso que aquele símbolo (+) nos afastou, deixou uma lacuna maior, enfim, somou problemas.
Forte abraço e nos vemos no caminho!!!
Dionísio Silvestre
Grande Silvestre,
ResponderExcluirFicou muito boa sua mensagem para o Comandante Mario, torço para que ele altere a quilometragem que terão que fazer juntos os corredores de equipe.
Gostei da ideia deles correrem juntos no inicio e no final só penso que deveria ser menos kms.
Para o solo como existe a possibilidade de terminar em Paraisópolis acho que ficou bom.
Temos que pensar bem sobre fazer solo com uma unica equipe de apoio, pois vamos correr um grande risco de nenhum completar.
Aquele abraço,
Samuel,
ExcluirNosso projeto de vários atletas na modalidade solo, assistidos por no máximo 2 carros de apoio, de fato reduz as despesas, entretanto, também nos submete à uma gama maior de obstáculos, considerando a individualidade biológica, estágios de treinamentos, experiências de corrida, contratempos climáticos, indisposições orgânicas; enfim, corre-se o risco de nenhum dos guerreiros completar a prova.
Vamos aguardar a resposta do Comandante Mário Lacerda.
Forte abraço,