segunda-feira, 15 de junho de 2015

O outono virou verão na 12ª Volta do Lago.

Antes de qualquer mal entendido, é de vital importância registrar e assegurar que o título da postagem não possui vinculação, tão pouco comete plágio ao comercial de televisão.

No último domingo, 14 de junho de 2015, em mais um característico dia de outono, começamos assistindo e registrando as largadas da 12ª Volta do Lago, escalonadas com intervalos de 30 minutos.

Apesar da temperatura agradável na parte da manhã, não haviam nuvens no céu de Brasília, prenunciando que o sol, seria o protagonista do dia.
Largada Volta do Lago - 06:30 horas

Seguindo o roteiro das outras edições da Volta do Lago, às 06:00 horas, com a noite cedendo espaço para o dia, os atletas da categoria solo partiram para a extenuante tarefa de correr os 100 Km em torno do Lago Paranoá.

Naquele pequeno grupo de guerreiros e guerreiras, estava o pequeno, porém gigante Ornaldo Fernandes - Equipe Só Canelas, que irradiava confiança.

Que tal curtir a trilha sonora que inseri no vídeo da largada da categoria solo.


Antes de prosseguir na resenha da prova, vou compilar trecho da música "Waiting For Love", que acrescentei ao vídeo de largada da categoria solo, pois ela - a música - norteará os acontecimentos do dia.
"Where there's a will, there's a way, kinda beautiful
And every night has its day, so magical 
And if there's love in this life, there's no obstacle 
That can't be defeated"
Traduzindo, o primeiro trecho da trilha sonora seria algo semelhante a:
"Onde há uma vontade, há um caminho, bonito
E toda noite tem seu dia, tão mágico 
E se há amor nesta vida, não há nenhum obstáculo 
Isso não pode ser derrotado"
Após a primeira largada - categoria solo, haveria outras 3 largadas para as categorias: duplas, trincas, quarteto, sexteto e octeto, ou seja, às 06:30; 07:00 e 07:30.

Em resumo: absoluta democracia, pois os participantes escolhem o momento em que desejam largar, observando contudo, seu ritmo de corrida e o horário de abertura e fechamento dos pontos de transição e controle.

A emblemática Turma da Lixeira, ainda teria representantes na categoria dupla - Equipe Só Canelas com os incansáveis Reginaldo e Thiago.
Reginaldo e Thiago
Foto: Eduardo Rodrigues
Na categoria trincas - Equipe Bsb Parque, com os determinados Samuel (1), Tião (2) e o Quelônio do Cerrado que escreve a resenha (3).
Silvestre, Samuel e Sebastião
Por falar em Quelônio, quando chegamos ao primeiro ponto de transição: que fica muito próximo à Concha Acústica, encontrei o folclórico Abdiel, idealizador e administrador da eterna Equipe Os Travados do Parque.


Embora nosso encontro tenha se limitado aquele instante da prova, valeu demais rever amigos conquistados por intermédio da corrida.
aglomeração de corredores na primeira transição
Os dois primeiros trechos se passaram numa velocidade absurda. Quando me dei conta, já era o meu momento de correr, pois nossa trinca já se encontrava nas imediações do Centro Olímpico da Universidade de Brasília, uma vez que Samuel Toledo havia corrido o primeiro trecho de 9,27 Km sob pace de 04:18 e Sebastião Santos, o segundo trajeto de 6,9 Km no ritmo de 05:00 min/km.

O clima ainda estava muito confortável para correr, assim, consegui concluir a meta de 6,16 Km em ritmo de 04:25 min/km.

O segundo ciclo de corrida aconteceu a partir do estacionamento do Shopping Boulevard, no final da Asa Norte. Em um pequeno trecho de 4,61 Km, Samuel enfrentou terreno variado, começando no asfalto e terminando em cross country, até chegar ao Parque Vivencial II, no Lago Norte.
Parque Vivencial II - Lago Norte
Foto: Eduardo Rodrigues
Na mesma toada, Sebastião Santos percorreu outros 9,49 Km, até alcançar  o retorno do Clube do Congresso no final da Península Norte. Às 09:15, comecei meu segundo percurso, ou seja, o sexto trecho entre os quatorze programados pela organização. Resumindo, seriam 8,93 Km, em asfalto, com 54 metros de ganho de elevação.

Em pouco menos que 42 minutos, encerrei o segundo ciclo de participação da Equipe Bsb Parque, sob o ritmo de 04:45 min/km. Incrível, até ali, estávamos muito bem e no linguajar de corrida: "inteiros".
transição em grande estilo...
Foto: Eduardo Rodrigues
Quem literalmente não aliviava no ritmo era o Capitão da Equipe, que tinha pela frente mais 5,12 Km - 04:45 min/km. Na imagem acima, percebe-se o quão determinado ele se encontrava.

Na sequência, Tião encarou 7,9 Km - ritmo de 05:00 min/km, agora sob a batuta do Rei Sol, que lenta e impiedosamente, retirava as energias dos participantes da 12ª Volta do Lago.

Quando iniciei o nono trecho, que correspondia à minha terceira etapa, o relógio registrava que o horário do almoço estava próximo - eram 10:55 e para minha total e ingrata surpresa, estava frente ao maior e mais difícil percurso da prova.
"O outono virou verão"
Naquele instante, a missão era superar 11,57 km, em asfalto, terra batida, cross country, subidas, descidas, sol forte e cerrado - enfim: "o outono virou verão".

Para apimentar ainda mais o tempero, quando consegui me livrar da subida da Barragem do Paranoá, ao fazer um "zig zag" para entrar na trilha que dá acesso à Ermida Dom Bosco, os músculos flexores da perna esquerda tornaram-se rebeldes; imediatamente, lembrei-me do episódio do amigo Eduardo Rodrigues, no decorrer da 90ª Comrades Marathon.

Sem dar trégua para o azar, quando os músculos travaram, dei uma parada completa, respirei e sem alternativas, reiniciei no ritmo "jabuti com câimbras" - aquele estilo de corrida, a muito tempo folclorizado pelo amigo Pedro Sobrinho.

Por falar em Pedro Sobrinho, um pouco antes da Barragem do Paranoá, ao passar por um grupo de veículos estacionados ao longo da rodovia, fui cumprimentado pelo guerreiro, que estava como pacer e integrante da equipe de apoio do Fernandes, que naquela altura da disputa, começava a padecer de câimbras e relutava em não abandonar a prova.

A imagem abaixo, foi capturada quando Fernandes - ainda cheio de energias - chegava ao Parque Vivencial II, no Lago Norte.
Fernandes - Categoria Solo
Foto: Eduardo Rodrigues
Ao diminuir o ritmo de corrida, gastei 59 minutos e 32 segundos para concluir aqueles 11,57 km, diga-se "do insano percurso". Naquele respectivo intervalo, meu ritmo caiu para 05:31 min/km, muito acima da programação inicial. Ao concluir a meta, ao tempo em que pedia desculpas aos amigos pelo acontecido, esbravejei: "nunca mais corro este trecho da Volta do Lago".

Em sentido oposto ao que me ocorreu, os demais integrantes da equipe, corriam de forma soberana e assim, sucessivamente, foram vencendo seus obstáculos sem maiores contratempos. O ritmo? - continuava irretocável.

No curto intervalo em que estive descansando, intensifiquei a hidratação, alimentei e quando percebi, já era hora de prosseguir no quarto e derradeiro intervalo de minha participação na 12ª Volta do Lago.

Naquele estágio, somaria outros 7 Km na cartilha de corrida. Quem conhece Brasília sabe da intensidade do sol de 1 hora da tarde. Assim, a cada 1 km, respirava fundo e tomava coragem para incrementar o ritmo de corrida: 05:24 + 05:13 + 05:05 + 05:01 + 05:02 + 04:43 + 04:34.

Quando passei o chip de cronometragem para o amigo Sebastião Santos, restavam tão somente dois pequenos trechos da Volta do Lago, o primeiro de 3,84 Km e o último de 6,46 Km, que seria pulverizado pelo Capitão da Equipe - Samuel Toledo, no ritmo de 04:40 min/km.

Quando passamos pelo pórtico de chegada, não me atentei para o cronometro da prova, assim, peço desculpas, por não ter o tempo exato de conclusão dos 100 km da Volta do Lago, entretanto, o Capitão Samuel comentou que havia sido 7 horas e 59 minutos.

Quando o resultado oficial foi divulgado, houve a certeza do tempo de prova: 07 horas 59 minutos e 38 segundos, ficando a trinca Bsb Parque na segunda colocação na categoria.

A dupla Só Canelas, levou 08 horas 16 minutos e 54 segundos para completar os 100 Km da Volta do Lago - quinta colocação na categoria.

Já na área de dispersão, fugindo do calor, os amigos foram se encontrando e a resenha sendo construída à custa de muito suor, entusiasmo, dedicação e companheirismo.
Equipes: Só Canelas e Bsb Parque
Por falar em companheirismo, faltava a presença do Fernandes e da sua equipe de apoio para a festa ficar completa. Não demorou muito para o camarada - completamente extenuado - concluir a participação na Volta do Lago, com o tempo de 09 horas, 39 minutos e 08 segundos - nona colocação na categoria solo.
festa completa na 12ª Volta do Lago
Hoje, 15 de junho de 2015, segunda-feira, por um curto espaço de tempo, interrompi o rascunho do relato e fui até a Comercial da 203/204 Sul, eis que surge Sebastião Santos, pedalando sua bike, com capacete e tudo o mais; penso eu que seguia em direção ao Parque da Cidade.

Enquanto isto, por ironia, eu só conseguia lamentar o fato de estar - literalmente - mais quebrado do que arroz de terceira. Para meu conforto, ainda bem que a lenda Bruce Fordyce - profetizou: "a certeza do retorno chega quando as dores passam".

Na mesma linha de ação, à medida em que escuto aquela trilha sonora que inseri no vídeo da largada do Fernandes, percebo que a letra ajusta-se com extrema perfeição ao sentimento que nutrimos pelo ato primitivo de correr.
"Onde há uma vontade, há um caminho, bonito
E toda noite tem seu dia, tão mágico 
E se há amor nesta vida, não há nenhum obstáculo 
Isso não pode ser derrotado"
Para encerrar, fica a reflexão e/ou convicção que por mais preparados estejamos para a missão, existirá obstáculos quase intransponíveis e que, outra tentativa será necessária.

Forte abraço e nos vemos no caminho!!!

Dionísio Silvestre


12 comentários:

  1. Tá ficando profissional...
    muito bom o vídeo, valeu...

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    1. Fernandes,

      O que valeu mesmo foi sua garra, sua perseverança e determinação em continuar na prova, mesmo diante de todas as dificuldades. Parabéns por mais uma inesquecível Volta do Lago.

      Ultra abraço e nos vemos no caminho!!!

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  2. Amigos,

    Nosso corrida foi fantástica, superação e estrategia, foram os ingredientes, eu e o Silvestre ainda não estavamos planamente recuperados da Comrades e o Tião também não havia se recuperado da ultima prova que fizera ha uma semana com muitas descidas.

    Superamos estes desgastes e fizemos uma corrida no limite das nossas condições o que exigiu muita estratégia para guardar energia sempre para os próximos trechos.

    Obrigado e aquele abraço,
    Samuel Toledo

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    1. Samuel,

      De fato, eu ainda não estava completamente recuperado da Comrades e só fui me dar conta da fadiga muscular por ocasião do nono trecho da Volta do Lago.

      Quanto a você, penso que sua participação foi fundamental no desempenho da equipe.

      Já o amigo Tião Santos, dispensa maiores comentários: "é ritmo constante e firme".

      No que afeta à estratégia, por favor, na próxima Volta do Lago, quero ficar longe daquele insano nono trecho.

      Forte abraço,

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  3. As vezes falo e sou mal interpretado (sou visto como puxa saco) mais sou fã de vocês. Ter a oportunidade de conhecer pessoas que no dia a dia não são atletas profissionais e ver seus feitos como corredores é um incentivo para continuar passo a passo. Abraços.

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    1. Guerreiro,

      Sem sombra de dúvidas, o cotidiano dos atletas profissionais é algo muito acima de nossos padrões de vida, pois na melhor das hipóteses, somos tão somente indivíduos apaixonados pelo ato primitivo de correr.

      Quanto ao que você denominou "feitos", penso que são os frutos de muita dedicação, disciplina, entusiasmo, companheirismo e acima de tudo, respeito às individualidades e assessorias técnicas competentes que nos cercam.

      Forte abraço e nos vemos no caminho!

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  4. Pessoal,
    Ainda que não tenha participado da última edição da Volta ao Lago, senti como se estivesse nela pela narrativa e participação contagiante do Silvestre. As fotos de todos ora demonstrando desgaste, esforço ora demonstrando descontração, amizade também forneceram ingredientes para entrar no clima da prova. Em algum momento da leitura, fique lamentando por não ter participado, mas logo recobrei o juízo para chegar à conclusão que o melhor foi estar descansando.
    Parabéns a todos pela prova.

    Abraços,
    Sergio

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    1. Sérgio,

      Por todos os aspectos que você citou, no conjunto da obra, a Volta do Lago foi maravilhosa. Embora a narrativa tente demonstrar o clima de amizade e descontração dos guerreiros, é óbvio que as palavras, não substituem a percepção dos fatos e a sensação que sentimos em cada episódio. Bom demais receber seu comentário por aqui.

      Silvestre

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  5. Ola todos vcs bravos guerreiros.
    Silvestre parabens pela narrativa da corrida.Da ate canseira a medida que vamos lendo.
    Acompanho voces algumas vezes lendo o relato das corridas. Acabo me tornando uma admiradora a distancia.
    Voces se tornaram uma familia de grandes e dedicados corredores. Compromisso e paixao e a palavra chave pra cada um de voces.
    Nas fotos percebemos o quanto cada um quer dar o seu melhor.
    Parabens a todos e um grande abraco.
    Miriam

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    1. Miriam,

      Li e reli o seu comentário várias vezes, até conseguir reunir (em tese) argumentos para respondê-la à altura.

      Indubitavelmente, não posso discordar que ao longo dos anos, nos tornamos uma "família de corredores" - apaixonados, dedicados e compromissados com o esporte - ávidos em contribuir o máximo possível, nas provas em equipe ou revezamento.

      É óbvio que leituras sobre corridas, por vezes, tornam-se entediantes, uma vez que, quase sempre, recorrem-se aos mesmos argumentos, entretanto, asseguro que nossas resenhas e relatos - individuais ou coletivos - são construídas sob várias matizes, buscando abster-se de vaidades pessoais para exclusivamente, enaltecer o esporte; fonte de saúde e qualidade de vida.

      Forte abraço e muito obrigado pela visita e pelo comentário edificante.

      Dionísio Silvestre

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  6. Dionisio, acredito que as provas de revezamento são aquelas que melhor traduzem o significado da amizade e companherismo. Participei por duas vezes dessa experiência e senti como é importante a sinergia entre os atletas, bem como o respeito. Acredito que sua equipe traduza bem esse conceito. Parabéns ao grupo.
    forte abraço
    Helena
    Blog Correndo de bem com a vida
    Twitter @Correndodebem

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    1. Helena,

      É bem por aí, a sinergia entre os atletas é de vital importância para a conclusão do revezamento dentro das metas planejadas.

      Por outro lado, no quesito autoconhecimento, você se surpreende quando percebe que seu limite de corrida está um degrau acima, considerando a energia direcionada em prol do grupo.

      Forte abraço, obrigado pela visita e pelo comentário!!!

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Aos leitores do blog "Correr é Pura Paixão" deixo meu profundo agradecimento. Aguardo seu comentário, uma vez que a participação de vocês é de grande importância para o aprimoramento dos relatos.

Ultra abraço,

Dionisio Silvestre